Antecessor foi exonerado porque mandou assentar acusado de matar casal de ambientalistas.
O Diário Oficial da União publicou esta semana uma portaria assinada pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra, Carlos Guedes de Gudes, nomeando Euderio de Macedo Coelho, como o novo Superintendente Regional da Autarquia no sul e sudeste do Pará. Eudério assumi o cargo no lugar de Edson Luiz Bonetti. Gozando período de férias, o ex- dirigente conversou com os chefes da superintendência e informou que deixaria o cargo devido a problemas de ordem pessoal.
Por outro lado, fontes do Incra garantem que o Governo Federal resolveu substituir o superintendente da autarquia depois que veio a tona a ordem assinada por Bonetti, para assentar a esposa do fazendeiro, José Rodrigues, acusado de ser o mandante do assassinato do casal de ambientalistas José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, executados a tiros na zona rural do município de Nova Ipixuna. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o fazendeiro foi assentado no mesmo lote que deu origem à disputa, cujo resultado foi o assassinato do casal, em maio de 2011.Segundo a CPT de Marabá, a decisão do Incra beneficiando o mandante do crime ocorreu no dia 14 de dezembro de 2012.
Segundo o inquérito policial que apura a morte do casal de ambientalistas, José Rodrigues comprou ilegalmente 144 hectares de terra, pelo valor de R$ 100 mil, no interior do Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira em 2010. Trata-se de uma área de floresta primária usada para atividade extrativista, com grande incidência de castanheiras, cupuaçus e açaís. Metade da área que o fazendeiro comprou era ocupada por três famílias que passaram a ser ameaçadas de expulsão por José Rodrigues. Frente à ameaça, o casal de extrativistas executado deu apoiou às famílias e impediu que José Rodrigues as expulsasse e se apropriasse da área. Por essa razão, conforme a denúncia do Ministério Público, José Rodrigues decidiu mandar matar o casal. O crime ocorreu no interior do Projeto de Assentamento no dia 24 de maio de 2011.
Logo após comprar ilegalmente os lotes, José Rodrigues levou 130 cabeças de gado para o local, que seria transformado em pastagem. Sua pretensão contava com a oposição do casal que fazia a defesa da floresta. A CPT e outras entidades rurais de Nova Ipixuna, além da Associação do Assentamento, entregaram farta documentação ao superintendente do Incra de Marabá, Edson Bonetti, com pedido de retomada dos lotes. “Em vez de promover a retomada, o superintendente autorizou o assentamento do criminoso nos lotes. Um prêmio para o mandante das mortes que se encontra preso e que irá a júri no próximo dia 3 de abril em Marabá “. Afirmou a época o advogado José Batista Afonso, coordenador da CPT em Marabá, que classificou a decisão do Incra como uma afronta ao histórico de luta do casal de extrativistas mortos em Nova Ipixuna.
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