De acordo com
estudo da própria concessionária de energia, são graves os impactos para os
indígenas
A Justiça Federal manteve a decisão de obrigar a Eletronorte a implantar programa de medidas compensatórias e mitigatórias em favor da comunidade indígena Asurini do Trocará, impactada pela construção da usina hidrelétrica de Tucuruí. A decisão, de 2011, havia sido contestada pela concessionária de energia elétrica, mas foi mantida por decisão da 2ª Vara Federal em Marabá.
A Justiça Federal manteve a decisão de obrigar a Eletronorte a implantar programa de medidas compensatórias e mitigatórias em favor da comunidade indígena Asurini do Trocará, impactada pela construção da usina hidrelétrica de Tucuruí. A decisão, de 2011, havia sido contestada pela concessionária de energia elétrica, mas foi mantida por decisão da 2ª Vara Federal em Marabá.
A decisão atende a pedido do
Ministério Público Federal (MPF). Na ação, o MPF tomou como base estudo de
impactos socioambientais, patrocinado pela própria Eletronorte e acompanhado
pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que identificou danos causados aos
índios desde a implantação do empreendimento. O estudo foi realizado por
recomendação do MPF entre os anos de 2005 e 2006, mas até hoje a Eletronorte
não implantou o programa de ações compensatórias apontadas por ela mesma como
necessárias à mitigação dos impactos.
A decisão judicial obriga a
Eletronorte a repassar R$ 150 mil mensais aos Assurini até o início da execução
das medidas compensatórias, a apresentar novo relatório informando acerca da
situação atualizada das ações emergenciais implementadas em favor da comunidade
indígena e a comprovar quais foram as ações emergenciais já implementadas. A
Eletronorte também terá que apresentar programa das ações compensatórias que
serão implementadas em favor dos indígenas, detalhando e especificando as
medidas e projetos contemplados e seus respectivos prazos de execução.
A Justiça Federal determinou
que a concessionária de energia comprove, no prazo de 90 dias, o inicio da
implementação das ações compensatórias. “Trata-se de decisão simbólica e
de extrema relevância à comunidade indígena Assurini, pois, quando cumprida,
finalmente ensejará a compensação dessa comunidade pelos impactos negativos que
vêm sofrendo em razão da instalação e do funcionamento da hidrelétrica de
Tucuruí, ocorridos há mais de 20 anos. É importante frisar que esses graves
impactos, apesar de reconhecidos e identificados pela própria Eletronorte desde
2006, jamais foram por ela compensados, apesar de sucessivas promessas por
parte da empresa de que isso ocorreria. A cada promessa descumprida, aumentava,
justificadamente, o sentimento de frustração e desamparo por parte da
comunidade indígena Assurini”, afirma a procuradora da República Luana Vargas
Macedo.
Em diversas reuniões com o
MPF, a Funai e a comunidade indígena, a Eletronorte chegou a reconhecer a
necessidade de implantação do programa, tendo concordado em apresentá-lo, mas
descumpriu os compromissos assumidos, frustrando as expectativas da comunidade
e adiando indefinidamente as ações compensatórias. O processo foi remetido pela
Justiça Federal à Funai, para que a autarquia informe a conta bancária em que
será depositada a multa mensal de R$ 150 mil.
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