O
Conselho de Sentença do Júri dos três acusados de assassinar os ambientalistas, José Claudio Ribeiro e Maria
do Espírito Santo, concluiu por volta de 21:30 da noite de ontem, a oitiva de
testemunhas do processo e também dos réus José Rodrigues, Lindonjonson Silva
Rocha e Alberto Lopes do Nascimento. Na
manhã de hoje, o júri inicia ás 8 horas da manhã já com a fase de debates entre
defesa e acusação. A previsão é que a sentença seja anunciada no final da manhã
ou no início da tarde desta quinta-feira, 04.
Logo
nas primeiras horas da manhã de ontem, entidades e movimentos sociais acamparam
em frente ao fórum de Marabá. Deitados no chão, um grupo de agricultores
empunhava cruzes fazendo alusão aos assassinatos no campo ocorrido nos últimos
anos no Pará. Em contato com O Liberal, o ator global Osmar Prado, que veio a
Marabá para acompanhar o julgamento disse que espera a pena máxima para os
acusados. “ Temos que dar uma resposta para crimes desta natureza”. Disse o
ator. O padre Ricardo Rezende, membro de uma entidade nacional de direitos
humanos e o frei Dom Erwing, também chegaram ontem a Marabá para acompanhar o
julgamento.
O
juiz Murilo Lemos Simão, que preside o julgamento não permitiu que fossem
feitas imagens ou captação de som dentro do plenário onde acontece o júri,
fator que contrariou vários membros da imprensa.
A
primeira testemunha a prestar depoimento foi o colono José Maria Gomes Sampaio,
cunhado da vítima José Claudio Ribeiro. Ele relatou em síntese que não
presenciou o crime, porém tinha conhecimento de que existiam animosidades entre
José Rodrigues e o casal assassinado. Em seguida, prestou depoimento Laisa
Sampaio, irmã da vítima Maria do Espírito Santo. Ela narrou que depois da morte
do casal de ambientalistas teve que sair do Assentamento Praialta Piranheira,
porque recebeu ameaças de morte. Indagada pela promotoria, Laisa Santos, que é
professora no assentamento, disse que uma cartorária de Marabá, identificada
como Neusa Santis, vendeu um lote de terra para o réu José Rodrigues. Ato
contínuo, Rodrigues teria expulsado do terreno, uma família de agricultores que
residia no mesmo.
Segundo
a depoente, ao tomar conhecimento do caso, o casal de ambientalistas ordenou o
retorno da família ao lote comprado por José Rodrigues, o que teria provocado a
ira do mesmo. No tocante aos réus, Laisa Sampaio disse que os irmãos José
Rodrigues e Lindonjonson tinham motivos para tramar a morte do casal, uma vez
que José Claudio e Maria denunciam todas as ilegalidades que ocorriam dentro do
assentamento Praialta-Piranheira. Com relação ao réu Alberto Nascimento, Laisa
disse que não tem certeza da participação do mesmo no duplo homicídio.
No
período da tarde, por ocasião do depoimento da terceira testemunha, Nilton José
Ferreira de Lima, ocorreu o primeiro embate entre a defesa e a acusação,
momento em que a testemunha afirmou que viu o réu José Rodrigues sair do local
momentos depois do assassinato do casal de ambientalistas. Os advogados dos
acusados retrucaram dizendo que a testemunha estava mentindo. Por outro lado,
também prestaram depoimento ontem três testemunhas que afirmaram que o
ambientalista José Claudio Ribeiro participou do assassinato do colono, Odilon,
vulgo “pelado”, crime ocorrido em 18 de setembro de 2009, no assentamento
Praialta Piranheira.
As
três depoentes, mãe, esposa e irmão de “Pelado”, disseram aos jurados que José
Claudio participou do crime por conta de desavenças na distribuição de lotes na
área. A mãe da vítima, chorou ao lembrar
a morte do filho. “Quem matou meu filho foi o Zé Claudio e seus irmãos”. Disse
a depoente que passou mal e foi retirada da sala. Atuam na acusação os promotores Bruna Rebeca
Paiva de Moraes, Danyllo Pompeu Colares, Ana Maria Magalhães e o advogado da
Comissão Pastoral da Terra, José Batista Afonso. Na defesa dos acusados atuam
os advogados Erivaldo Santis, Arnaldo Ramos de Barros Júnior e Wandergleisson
Fernandes Silva.
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