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sexta-feira, 5 de abril de 2013

MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL O GLOBO : SÓ EXECUTORES CONDENADOS






JORNAL O GLOBO
  Secao:
PAÍS
  Data:
2013-04-05
  Localidade:
RIO DE JANEIRO
  Hora:
07:52:07
  Tema:
MEIO AMBIENTE
  Autor:
EVANDRO CORRÊA - Especial para O GLOBO opais@oglobo.com.br 


Júri absolve suposto mandante de assassinato de ambientalistas em região de conflito no Pará

-MARABÁ (PA)- Após dois dias de julgamento, o Tribunal do Júri, em Marabá, absolveu ontem José Rodrigues Moreira, apontado como mandante do assassinato do casal de Ambientalistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, em maio de 2011. Por maioria de votos, os sete jurados só condenaram os executores do duplo homicídio, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, a 42 anos e oito meses e a 45 anos de prisão, respectivamente. A decisão provocou revolta entre representantes de movimentos sociais que acompanharam o julgamento. O Ministério Público anunciou que recorrerá da sentença. O júri ficou reunido por cerca de quatro horas, e a decisão foi proferida pelo juiz Murilo Lemos Simão. Assim que o magistrado anunciou a absolvição de Moreira, lideranças e movimentos sociais iniciaram um grande protesto em frente ao fórum de Marabá. Gritando palavras de ordem como “justiça” e “punição para assassinos”, agricultores atiraram pedras contra o prédio do fórum e em direção à tropa de choque da Polícia Militar do Pará. Em seguida, os manifestantes fizeram novo protesto na Rodovia Transamazônica. Com cruzes feitas de madeira, nas quais havia fitas pretas amarradas, o grupo chegou a bloquear trecho da rodovia. A segurança se manteve reforçada na região durante toda a noite de ontem. O casal de extrativistas foi executado em uma estrada na zona rural de Nova Ipixuna, após combater a ocupação irregular de área de assentamento. Rodrigues Moreira comprou, por R$ 100 mil, a área que motivou o conflito. José Cláudio e Maria do Espírito Santo chegaram a denunciar que sofriam ameaças de fazendeiros e madeireiros da região. Outros agricultores sofreram ameaças após o assassinato, e a Força Nacional de Segurança foi deslocada para Nova Ipixuna com o objetivo de proteger os agricultores. Dez pessoas tiveram que ser retiradas do local, entre elas cinco crianças.

ANISTIA INTERNACIONAL ATACA DECISÃO DO JÚRI

Lindonjonson Rocha e Alberto Lopes cumprirão pena em regime fechado, e o tempo de prisão preventiva será abatido da pena. O juiz do caso já determinou a expedição do alvará de soltura de Moreira, que saiu livre do fórum de Marabá. Os promotores Bruna Rebeca, Ana Maria Magalhães e Danyllo Pompeu anunciaram ontem mesmo que apresentarão recurso para anular o julgamento. — Apenas parte da justiça foi feita aqui hoje. Nós só descansaremos quando condenarmos o mandante do crime — disse a promotora Ana Maria Magalhães. Para o advogado José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra, a absolvição de José Rodrigues representa a vitória da impunidade. — Temos que dar um basta nesta onda de violência que assola o campo. Queremos justiça para um casal que foi morto porque defendia a floresta — disse Afonso. Os advogados dos réus condenados também pretendem recorrer. Ontem, eles sustentaram que não há provas para a condenação. Em nota, a Anistia Internacional também se pronunciou a respeito do julgamento e criticou a sentença. A entidade afirmou que “vê com preocupação” o resultado do julgamento, especialmente porque o magistrado afirmou que as vítimas, ao disputar a área, contribuíram para a explosão de violência. “É importante a condenação dos executores, mas a ausência de condenação de um mandante mantém a impunidade do crime. Mais grave ainda é o fato de a sentença desmoralizar o trabalho e a atuação das vítimas, que acabaram culpabilizadas pelo agravamento do conflito”. A entidade ainda criticou a impunidade de crimes cometidos contra defensores dos direitos humanos, o que “fortalece a ação daqueles que agem fora da lei” contra o
Meio Ambiente.

Um comentário:

  1. Quem vai pagar pelo assassinato do "pelado"? A anistia os movimentos sociais falaram? "pelado" não é ser humano não?

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