-MARABÁ (PA)- Após dois dias de julgamento, o Tribunal do Júri, em
Marabá, absolveu ontem José Rodrigues Moreira, apontado como mandante do
assassinato do casal de Ambientalistas José Cláudio e
Maria do Espírito Santo, em maio de 2011. Por maioria de votos, os sete
jurados só condenaram os executores do duplo homicídio, Lindonjonson Silva
Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, a 42 anos e oito meses e a 45 anos de
prisão, respectivamente. A decisão provocou revolta entre representantes de
movimentos sociais que acompanharam o julgamento. O Ministério Público
anunciou que recorrerá da sentença. O júri ficou reunido por cerca de
quatro horas, e a decisão foi proferida pelo juiz Murilo Lemos Simão. Assim
que o magistrado anunciou a absolvição de Moreira, lideranças e movimentos
sociais iniciaram um grande protesto em frente ao fórum de Marabá. Gritando
palavras de ordem como “justiça” e “punição para assassinos”, agricultores
atiraram pedras contra o prédio do fórum e em direção à tropa de choque da
Polícia Militar do Pará. Em seguida, os manifestantes fizeram novo protesto
na Rodovia Transamazônica. Com cruzes feitas de madeira, nas quais havia fitas
pretas amarradas, o grupo chegou a bloquear trecho da rodovia. A segurança
se manteve reforçada na região durante toda a noite de ontem. O casal de
extrativistas foi executado em uma estrada na zona rural de Nova Ipixuna,
após combater a ocupação irregular de área de assentamento. Rodrigues
Moreira comprou, por R$ 100 mil, a área que motivou o conflito. José
Cláudio e Maria do Espírito Santo chegaram a denunciar que sofriam ameaças
de fazendeiros e madeireiros da região. Outros agricultores sofreram ameaças
após o assassinato, e a Força Nacional de Segurança foi deslocada para Nova
Ipixuna com o objetivo de proteger os agricultores. Dez pessoas tiveram que
ser retiradas do local, entre elas cinco crianças.
ANISTIA INTERNACIONAL ATACA DECISÃO DO JÚRI
Lindonjonson Rocha e Alberto Lopes cumprirão pena em regime fechado, e o
tempo de prisão preventiva será abatido da pena. O juiz do caso já
determinou a expedição do alvará de soltura de Moreira, que saiu livre do
fórum de Marabá. Os promotores Bruna Rebeca, Ana Maria Magalhães e Danyllo
Pompeu anunciaram ontem mesmo que apresentarão recurso para anular o
julgamento. — Apenas parte da justiça foi feita aqui hoje. Nós só
descansaremos quando condenarmos o mandante do crime — disse a promotora
Ana Maria Magalhães. Para o advogado José Batista Afonso, da Comissão
Pastoral da Terra, a absolvição de José Rodrigues representa a vitória da
impunidade. — Temos que dar um basta nesta onda de violência que assola o
campo. Queremos justiça para um casal que foi morto porque defendia a
floresta — disse Afonso. Os advogados dos réus condenados também pretendem
recorrer. Ontem, eles sustentaram que não há provas para a condenação. Em
nota, a Anistia Internacional também se pronunciou a respeito do julgamento
e criticou a sentença. A entidade afirmou que “vê com preocupação” o
resultado do julgamento, especialmente porque o magistrado afirmou que as
vítimas, ao disputar a área, contribuíram para a explosão de violência. “É
importante a condenação dos executores, mas a ausência de condenação de um
mandante mantém a impunidade do crime. Mais grave ainda é o fato de a
sentença desmoralizar o trabalho e a atuação das vítimas, que acabaram
culpabilizadas pelo agravamento do conflito”. A entidade ainda criticou a
impunidade de crimes cometidos contra defensores dos direitos humanos, o
que “fortalece a ação daqueles que agem fora da lei” contra o Meio Ambiente.
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Quem vai pagar pelo assassinato do "pelado"? A anistia os movimentos sociais falaram? "pelado" não é ser humano não?
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