Os construtores da balsa de buriti que fará trajeto de
Estreito (MA) até Marabá, via Rio Tocantins, já concluíram boa parte da obra.
Na
sexta-feira, uma equipe de cinegrafistas e repórteres chegaram à cidade de
Estreito, no Estado do Maranhão, para iniciar trabalhos de gravação para a
produção de um vídeo documentário do projeto Balsa de Buriti, acompanhando seu
trajeto até Marabá. A produtora VídeoV terá uma equipe a bordo da balsa,
registrando a viagem para a produção de um documentário que será distribuído,
posteriormente, em escolas de Marabá e de todos os municípios localizados nas
ribanceiras do rio, nos Estados do Pará, Maranhão e Goiás – além de ser
exibido, nacionalmente, nas emissoras da Rede Brasil (Cultura).
Os construtores da balsa de
buriti que fará trajeto de Estreito (MA) até Marabá via Rio Tocantins, já
concluíram boa parte da obra. A viagem refará o trajeto que era rotineiramente
realizado por comerciantes no início do surgimento de Marabá. A iniciativa faz
parte das comemorações dos 100 anos do município.
Na última quarta-feira, 10,
os homens que trabalham na construção da balsa chegaram a conclusão de que a
quantidade de talos de buriti prevista, 600 unidades, não daria para concluir a
obra. Os construtores informaram a Bruno Scherer, coordenador do projeto da
Fundação Casa da Cultura de Marabá, que seria necessário mais quatrocentos
talos, fator que criou um impasse, devido a dificuldade para se encontrar a
matéria-prima na região de Estreito. No entanto, um representante da Secretaria
de Cultura daquele município informou que havia uma reserva de buritizal na
região de Carolina, numa distância de 40 km do local onde está sendo construída
a balsa.
Na manhã de quinta-feira,
11, o material já havia sido providenciado e o problema foi resolvido. Conforme
conta José Maria Barros em seu livro Marabá, as balsas “desciam,
pachorrentas (lentamente, monotonia) o rio Tocantins, carregadas de mercadorias
para serem vendidas em Marabá”. Confeccionadas de talas de buriti – extremamente
leves depois de secas – sua viagem levava semanas. A única forma de
maneabilidade das balsas era uma pá de remo adaptada a uma longa vara, com a
qual era mantida no “fio” da correnteza, isto é, onde ela era mais forte,
evitando os remansos e águas paradas.
Pachorrentas e poéticas, as
balsas deixavam-se levar pela correnteza do rio, elas contribuíam com destaque
para o desenvolvimento da região. No mesmo livro, o autor garante que a balsa
foi, sem duvida nenhuma, a mais segura de todas as embarcações primitivas
usadas na região. Construídas do braço da palma do buritizeiro, que eram
reunidos em feixes, e estes ajustados uns aos outros até formarem uma
superfície plana, com tamanho que variava entre vinte e cinco a cinqüenta
metros lineares. Por cima, armavam uma cobertura de palha de piaçaba para
abrigar a carga e a tripulação, sendo que esta se constituía de três a cinco
homens.
A balsa era usada somente rio abaixo, à deriva da correnteza do rio.
O leme se constituía de duas
vogas (espécie de remo de cabo comprido), só usadas para manobras nas
cachoeiras e para o acostamento. Eram embarcações usadas somente no Tocantins,
confeccionadas em Carolina, no Estado do Maranhão, onde há abundancia dessas
palmeiras. Transportavam cereais, frutas, aves, porcos, cabra, carneiros, carne
seca, toucinho, rapadura, doces de leite, de coco e de buriti. Em Marabá
terminava a viagem, onde as talas eram vendidas ou dadas, desmanchadas, de cujo
material faziam-se cercas e paredes.
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