Comissão vem a Marabá para participar, na quarta-feira, 03, do Júri dos
acusados da morte do casal de extrativistas de Nova Ipixuna.
Entre o
dia 1º e 4 de abril, uma delegação
internacional da Right Livelihood Award, chega a Marabá para cobrar justiça e o
esclarecimento de crimes contra integrantes do Movimento de Trabalhadores
Rurais Sem Terra e de outros movimentos sociais que atuam no campo. Como parte
da visita, as entidades participarão de uma Audiência Pública sobre a
impunidade da qual gozam os violadores dos direitos humanos no Pará. A
atividade será no dia 2 de abril, na Universidade Federal do Pará (UfPA), em
Marabá (PA), a partir das 14:00hs. No dia seguinte, todos participarão do Júri
Popular dos mandantes e executores do assassinato do casal de extrativistas de
Nova Ipixuna, José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em
fevereiro de 2011, na zona rural do município de Nova Ipixuna.
Em
resposta ao aumento dos casos de intimidação e violência contra ativistas
sociais no Brasil, a Fundação Right Livelihood Award (RLA) decidiu enviar uma
delegação internacional de reconhecidas personalidades à cidade de Marabá. Da
delegação participam dois agraciados com o Right Livelihood Award (também
conhecido como Prêmio Nobel Alternativo): Angie Zelter, representante da
organização britânica Trident Ploughshares (RLA 2001) e o biólogo argentino
Raúl Montenegro (RLA 2004). Também compõe esta comitiva Marianne Andersson,
integrante do Conselho Diretivo da Fundação RLA e ex membro do Parlamento
sueco.
Já
confirmaram presença também no julgamento, representantes da Anistia
Internacional, entidade internacional de direitos humanos como sede em Londres,
na Inglaterra. A Anistia é uma das entidades que têm se destacado no campo da
defesa dos direitos humanos no mundo, produzindo relatórios anuais sobre a
violação de direitos humanos em diferentes países. Em seus relatórios o Pará
tem sido frequentemente citado em razão das ameaças e mortes no campo.
Atualmente, a entidade está acompanhando o caso das ameaças sofridas por Laisa
Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, esposa de José Cláudio, ambos
assassinados em maio de 2011.
Também
estarão presentes representantes do MHuD, entidades de defesa dos direitos
humanos com sede no Rio de Janeiro. O MHuD é composto por artistas e
intelecturais com atuação em Redes de TVs, Universidades e outros espaços. A
Comissão Pastoral da Terra (CPT) confirma que o número de ativistas ameaçados
no país aumentou de 125 para 347 entre 2010 e 2011, segundo o relatório
Conflitos no Campo Brasil. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados
no país aumentou 177,6%.
A
situação é particularmente grave no estado do Pará, estado que, segundo o
Relatório de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos
(FIDH), representa 40% da superfície total desmatada no Brasil, e tem as taxas
mais altas do país, tanto de escravidão como de ameaças a defensores dos
direitos humanos. A CPT revela que 12 dos 29 assassinatos de ativistas rurais
brasileiros em 2011, ocorreram no estado. O MST sustenta que o clima de
impunidade ainda é muito forte na região.
Em 1991,
a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra
receberam conjuntamente o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio
Nobel Alternativo) por seu trabalho incansável a favor da justiça social e do
respeito aos direitos humanos dos pequenos agricultores e camponeses sem terra
do Brasil.
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