Agricultores
exigem asfaltamento da BR-163 e regularização fundiária na região.
Cerca de 500 trabalhadores atingidos pelos projetos
do complexo hidrelétrico do Tapajós bloquearam a rodovia Transamazônica na
madrugada de ontem, na altura do km 32 (Ponte do rio Água Preta), no município
de Itaituba. Desde o ano passado, os trabalhadores vêm se mobilizando e
cobrando do governo o avanço das pautas da região. A mobilização também denuncia
o leilão do campo de Libra, ocorrida ontem no Rio de Janeiro.
Nos últimos anos, a região oeste do Pará tem vivido
ciclos de desenvolvimento econômico (ciclo da borracha, madeira, ouro) e
atualmente está passando por mais um com os grandes projetos de infraestrutura
impulsionados pelo capital nacional e internacional e gerenciados pelos
governos estadual e federal, entre eles: o agronegócio, construção de portos e
hidrelétricas. Para Iury Paulino, da coordenação nacional do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB), a ameaça de construção das hidrelétricas no rio
Tapajós já atinge toda a população. “Por isso avaliamos de extrema importância
à consolidação de uma política nacional de direitos dos atingidos, inclusive
com o direito de dizer não às barragens”, declarou Paulino.
Mesmo com o plano de investimento para região, a
população não tem sido contemplada com políticas públicas. Nesse sentido,
Paulino afirma que “o governo federal deveria fazer um amplo plano de
recuperação regional na perspectiva de melhorar a vida das pessoas e superar os
prejuízos dos vários anos de ausência do Estado”. As demandas dessas populações
são históricas, decorrentes do processo de ocupação impulsionadas pelo governo
no período da Ditadura Militar, ainda nas décadas de 70 e 80. Pessoas de
diversos estados brasileiros migraram para a região com promessas de
desenvolvimento. Desde então, as populações que habitam a região vivem num
completo abandono por parte dos governantes. “O governo apenas promete resolver
os problemas do povo e não cumpre, por isso vamos continuar na luta por nossos
direitos”, afirma Maria do Socorro, presidente do Sindicato dos trabalhadores
Rurais de Itaituba.
Os agricultores exigem que avance a pauta de
reivindicação já em discussão com o governo. Entre os pontos reivindicados estão o
asfaltamento da Transamazônica e BR 163, aceleração do Programa Luz para Todos,
regularização fundiária e revisão das unidades de conservação que sobrepõem
assentamentos já existentes, além de políticas públicas nas áreas de educação,
saúde e segurança. Participam da mobilização os trabalhadores organizados nos
Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba e Aveiro, além
de movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e associações de agricultores.
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