O
maior valor a ser pago em uma sentença referente a trabalho escravo no Brasil
foi fechado, na última segunda-feira, 21, em acordo celebrado na 2ª Vara do
Trabalho de Marabá, da 8ª Região Trabalhista (Pará e Amapá), em sessão
presidida pelo juiz federal Jônatas dos Santos Andrade, em que a proposta de
acordo feita pelo Ministério Público do Trabalho foi aceita pela empresa
executada. A Lima Araújo Agropecuária Ltda concordou em pagar R$ 6,6 milhões
por danos morais à trabalhadores de suas propriedades no município de Piçarra.
De acordo com informações divulgadas pela assessoria de
imprensa do TRT da 8ª Região, o acordo foi homologado em processo que tramitava
desde 2003. O TRT e o Tribunal Superior do Trabalho mantiveram a condenação da
primeira instância. Assim, a empresa executada concordou com o acordo proposto
pelo MPT, e já depositou a primeira parcela de R$ 1,1 milhão. A dívida
trabalhista será paga em seis parcelas anuais de igual valor, e a decisão é
irrecorrível.
O caso
O processo teve início em 12 de novembro de 2003, quando
foi realizada a primeira audiência da ação civil pública ajuizada pelo MPT,
depois de sucessivas fiscalizações do Grupo Móvel do Ministério do
Trabalho e Emprego (MPE), entre os anos de 1998 e 2002. Tais ações resultaram
em flagrantes de trabalhadores em situação de escravidão, tendo sido libertados
do regime de semi-escravidão 180 trabalhadores, nas fazendas Estrela de Maceió
e Estrela de Alagoas, ambas localizadas no município de Piçarra, no sul do Pará.
Diante da reincidência, o MPT pediu indenização a título
de danos morais no valor de R$ 22.528.000,00. Na sentença, de maio de 2005, o
então juiz titular da 2ª Vara do Trabalho de Marabá, Jorge Antônio Ramos
Vieira, condenou a empresa ao pagamento de R$ 3 milhões por dano moral
coletivo, mais 10 mil de multa por empregado encontrado em situação irregular.
A empresa recorreu ao TRT-8, que reformou a sentença,
dando provimento a recurso do MPT, e majorando o valor da indenização para R$ 5
milhões. Diante disso, a empresa recorreu ao TST, que manteve a sentença do
primeiro grau. O valor atualizado devido pela empresa já chegava a R$
8.920.789,63. Com o acordo celebrado na última segunda-feira, ficou em R$ 6,6
milhões.
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