Várias
entidades divulgaram esta semana um manifesto público contra o julgamento que
absolveu na semana passada os réus Lourival de Sousa Costa e Domício de Sousa
Neto, acusados de participação direta no assassinato do sindicalista José Dutra
da Costa, o Dezinho, crime ocorrido em 2001,em Rondon do Pará, no sudeste
paraense. Os jurados, por maioria,
entenderam que não havia provas suficientes para a condenação dos acusados.
De acordo
com o manisfesto, “as investigações que resultaram na inclusão de Lourival e
Domício no processo foram marcadas pelo descaso da polícia civil e pelas ações
equivocadas de alguns promotores que atuaram no Ministério Público de Rondon do
Pará”. Segundo representantes da Comissão Pastoral da Terra,CPT, logo após o crime, a polícia chegou aos nomes
de Lourival e Domício através de testemunhas que afirmaram em depoimento terem
visto o fazendeiro rondando a casa do sindicalista em companhia de um
desconhecido e indicando a este a residência onde morava Dezinho. “Uma
testemunha confirmou também que a arma usada para assassinar o sindicalista
pertencia a Domício, gerente da fazenda de Lourival. A razão pela qual Lourival
e outros fazendeiros de Rondon, queriam a morte de Dezinho foi devido de seu
apoio aos trabalhadores rurais que reivindicavam terras públicas para
assentamento de reforma agrária, ocupadas ilegalmente por fazendeiros de
Rondon, entre eles Lourival”.
Diz a
nota ressaltando que a polícia iniciou as investigações que apontavam para a
participação dos dois acusados mas abandonou o inquérito sem aprofundar ou
concluir o processo investigatório. “Infelizmente, esse caso é um exemplo do que
vem ocorrendo em muitos processos que apuram a responsabilidade por
assassinatos no campo no Estado do Pará. Quando os acusados não são favorecidos
pela ausência total de investigação, acabam sendo beneficiado pelo desinteresse
do poder público em punir todos os culpados, principalmente, quando estes,
detém alto poder econômico e influência política nos seus municípios”. Diz a
nota.
Em contato com a reportagem de O Liberal, a
sindicalista Maria Joel, viúva de “Dezinho”, disse que a absolvição dos acusados
do assassinato de Dezinho é motivo de comemoração para todos aqueles que vivem
da prática criminosa da grilagem de terras públicas, da pistolagem, do trabalho
escravo e dos crimes ambientais na Amazônia. “Isto provoca o aumento da
insegurança de todos os que lutam pela defesa da vida, pelo acesso à terra,
pela defesa da floresta e dos territórios das populações amazônicas”. Encerrou
a sindicalista.
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