O Ministério Público
Federal advertiu esta semana a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e a
Procuradoria Geral do Estado (PGE) contra a emissão de licença ambiental para o
projeto de mineração que a empresa canadense Belo Sun quer implantar no rio
Xingu, ao lado da área onde é construída a usina hidrelétrica de Belo Monte.
Trata-se da instalação da maior mina de ouro ao lado da obra da maior usina
hidrelétrica do país, no trecho conhecido como Volta Grande do Xingu.
O principal problema é que
não houve até agora nenhum estudo sobre o impacto da mineração nas populações
Arara e Juruna da Volta Grande do Xingu, já severamente impactadas pelas obras
da usina. Além disso, peritos da Procuradoria Geral da República descobriram
que a empresa anunciou aos acionistas em seu site que vai extrair da mina o
dobro de ouro que estava previsto nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Nos
estudos estavam previstas reservas de 37 milhões de toneladas de ouro. Aos
acionistas, a Belo Sun informou reservas de mais de 88 milhões de toneladas de
ouro. Outra falha grave dos estudos é que a empresa não sabe informar com
precisão o número de migrantes que o empreendimento pode atrair para a já
sobrecarregada região do médio Xingu. O MPF já havia recomendado, em fevereiro
de 2013, que a licença não fosse emitida sem os estudos sobre o impacto aos
indígenas. As mesmas advertências foram enviadas ao secretário de Meio
Ambiente, José Alberto da Silva Colares.
O secretário também recebeu
a íntegra do parecer técnico elaborado pelos peritos da 4ª Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF, em Brasília, com base nos estudos apresentados
até agora pela Belo Sun. Para os peritos, pode ter havido subdimensionamento do
projeto no EIA da mina de ouro. “O montante de ouro informado pelo empreendedor
(Belo Sun) aos seus acionistas é mais que duas vezes superior ao indicado e
considerado no EIA. Desse modo, a operação mineira necessária para o
aproveitamento do bem mineral, incluindo a destinação do rejeito e do estéril,
e a quantidade de insumos necessários ao processo industrial, deverá ser
elevada na mesma ordem de grandeza do aumento da reserva. Portanto, a magnitude
do empreendimento que hoje se pretende implantar é, pelo menos, o dobro daquela
submetida aos estudos ambientais”, diz o parecer do MPF. O MPF deu prazo de 20
dias para que a Sema e a PGE respondam às advertências sobre o empreendimento
Belo Sun.
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