As mais de 200 famílias
de posseiros que estão na área da invasão da Fazenda Barra do Triunfo,
atualmente de propriedade do pecuarista Luiz Pires, do Grupo da Fazenda
Umuarama, no município de São Félix do Xingu, na região sul do Pará, passaram a
viver um clima de insegurança e tensão, após serem comunicadas da reintegração
de posse da área ocupada, determinada por uma liminar concedida pela Vara
Agrária de Redenção.
Na área da invasão há
famílias que moram há 10, 15 e até 25 anos cultivando a terra, plantando e
criando animais domésticos para suas próprias subsistências, sem contar que as
benfeitorias encontradas lá foram todas implantadas pelos ocupantes da área,
como já foi comprovado por laudos agronômicos de fiscalização realizados pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra.
Os posseiros disseram
que estão amedrontados com a possibilidade de deixarem a terra por meio de
força policial, porque não pretendem sair deixado para trás uma história de
vida, de luta e de sacrifícios, pois tudo que construíram ao longo dos anos
está fixado ali. Os posseiros disseram ainda que a pressão sobre eles para sair
da terra é muito grande e aumentou nos últimos dias. “Estamos na eminência de
sermos despejados injustamente das nossas posses, pois como verdadeiros
clientes da reforma agrária e produtores da agricultura familiar, entendemos
que temos o direito constitucional de permanecer na terra”, disse um posseiro
durante a reunião de assembleia realizada esta semana, quando avaliaram os
problemas sociais que suas famílias poderão passar em caso de cumprimento da
liminar da justiça.
Na segunda-feira,08, um
grupo de trabalhadores ingressou na justiça com um Agravo de Instrumento
pedindo realização de perícia judicial para identificação dos posseiros,
qualificação e avaliação das benfeitorias, com vistas à efetivação de um
possível acordo. “Depois de tantos anos dedicados a esta terra, cujas famílias
viviam e ainda vivem em situação análoga, fica difícil imaginar termos de nos
separar disso aqui. Precisamos dessa terra para viver, é dela que tiramos o
sustento de nossos filhos. Não me conformo com essa situação”, lamenta o
presidente da Associação dos Produtores Rurais da Barra do Triunfo, Luzimar da
Silva.
Temerosos pelo
agravamento da crise lideranças de São Felix do Xingu se manifestaram junto às
autoridades competentes informando sobre o clima de tensão social que se
instalou na Barra do Triunfo depois que a justiça decidiu retirar os posseiros.
A situação já foi informada oficialmente ao Governo do Estado e a Secretaria de
Segurança Pública. Outro órgão que está preocupado com o clima tenso na Barra
do Triunfo é a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de São Felix do Xingu. De
acordo com o padre Danilo, todos na CPT estão preocupados com o agravamento da
crise, pois segundo ele, são mais de 200 famílias trabalhando e vivendo na
terra, e a retirada brusca delas poderia transformar aquela região do Xingu num
verdadeiro caos social. (Fotos : Edmar Brito)
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