Lideranças de 26 comunidades
mebengôkre/kayapó das terras indígenas Kayapó, Badjonkôre, Menkragnoti e Las
Casas, no Pará, se reuniram no início deste mês na cidade de Tucumã para discutir sobre as
ofertas de recursos da Eletrobrás para o povo kayapó. De acordo com relato do
Movimento Xingu Vivo Para Sempre, a luta
do povo kayapó contra Belo Monte representa historicamente um dos maiores
obstáculos à construção da usina. “Entretanto, por estarem suas terras a 500 km
a montante da usina, os kayapo não foram incluídos no Plano Basico Ambiental
para mitigação de impactos da obra. Se concluída, Belo Monte, que já é a obra
mais cara do país (estimada em r$ 31 bilhões), precisará de novos barramentos à
montante para justificar tamanho investimento, garantindo água a suas turbinas
durante a estação seca”. Diz uma nota pública do Movimento Xingu Vivo.
Ainda de acordo com a Nota sempre
que questionados pelos kayapó sobre os planos do governo de barramentos
planejados para o Xingu, representantes do setor elétrico se ampararam na resolução de no 05 do Conselho
Nacional de Política Energética de 03 de setembro de 2009, que determina que o
potencial hidroenergético a ser explorado no rio Xingu será somente aquele
situado entre a sede urbana do município de Altamira e a sua foz. “Sabemos que
basta uma nova reunião deste conselho para que esta resolução seja alterada. A
oferta de milhões de reais aos kayapó, uma clara tentativa de semear a desunião
e enfraquecer a luta deste povo contra Belo Monte era a preparação do terreno
para as próximas barragens planejadas para o Xingu”.
O Movimento Xingu Vivo justifica
tratar-se de linhas de projetos de seu setor de responsabilidade social, sem
qualquer relação com a obra em construção, a empresa conseguiu, num primeiro
momento, convencer os grupos kayapó do estado do Pará a aceitarem a oferta,
algo em torno de 18 milhões para serem gastos em projetos durante 4 anos. “As
aldeias kayapó do Mato Grosso (Ti Kapoto Jarina), sob a liderança de Raoni
Metuktire e Megaron Txucarramãe, sempre negaram enfaticamente este apoio, o que
gerou conflitos com os grupos kayapó do Pará, que a princípio aceitaram os
recursos oferecidos. Entretanto, caciques de 26 aldeias do Pará, predominantemente
da margem leste do rio do Xingu, representadas pela ‘Associação Floresta
Protegida’ (AFP), resolveram que também não vão aceitar mais nenhum recurso da Eletrobrás”.
Diz a nota do Xingu Vivo.
Em carta endereçada a Eletrobrás,
os indígenas rejeitam os recursos oferecidos pela empresa. “Os projetos de médio-longo prazo, no valor de 4,5
milhões ao longo de 3 anos, foram recusados por todas as aldeias representadas
pela AFP. Nós não queremos esse
dinheiro, não precisamos dele”. Encerra a carta dos índios afetados por Belo
Monte.
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