Município tem o maior rebanho bovino do país, com mais de
dois milhões de cabeças de gado.
O Pará está cada vez
mais próximo de ser um dos estados brasileiros livres da febre aftosa, doença
causada por um vírus que atinge bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos.
A vacina contra a doença já foi aplicada em 99,9% do rebanho paraense, segundo
a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará). São Félix do Xingu, no
Sudeste do estado, tem o maior rebanho bovino do país: são mais de dois milhões
de cabeças de gado. Além da chance de estar livre da febre aftosa, o município
também luta contra a imagem do desmatamento.
Desde 2012, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) flagrou
1,9 mil hectares de florestas devastados durante a operação Guardiões da
Amazônia – Goianos IV. A cidade quer mudar essa realidade. A idéia é elevar a
produção de gado, mas, ao mesmo tempo, aumentar a sua área de preservação.
Hoje, 74% do território de São Félix é voltado para a Área de Proteção
Permanente (APP), Reserva Legal (RL) e indígena.
O primeiro passo na busca de
uma pecuária sustentável foi a visita de representantes do Sindicato dos
Produtores de São Félix do Xingu ao Projeto Pecuária Verde, desenvolvido em
Paragominas. “Queremos desenvolver um trabalho nos moldes do Pecuária Verde.
Com a intensificação do trabalho, percebemos que não é preciso desmatar para
manter um rebanho grande”, avalia o presidente da entidade, Wilton Batista.
A exemplo do que aconteceu
inicialmente no Nordeste paraense, as propriedades de São Félix também buscam a
adequação com base nas Boas Práticas Agropecuárias (BPA), propostas pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que elegerá a partir
deste ano as propriedades que estão dentro dos critérios do BPA. “Queremos
melhorar essas fazendas e disseminar a intensificação. Observamos que os
próprios colaboradores das propriedades já observam as mudanças. Afirmam que é
outra forma de trabalhar”, ressalta Batista ao referir-se às técnicas de
bem-estar animal praticadas nas fazendas modelos do Pecuária Verde.
A legalização da atividade
pecuária no município, que viu a produção crescer exponencialmente a partir da
década de 1990, será feita junto com redes do mercado de carne, como o Grupo
Marfrig e a Walmart Varejo. Aumentar o número de propriedades no Cadastro
Ambiental Rural (CAR) continua sendo um desafio. No caso de
Paragominas, no período de 2010 a 2012, as propriedades registradas no CAR
aumentaram de 550 para 1035.
O CAR, exigido para a
regularização ambiental, tem se tornado uma importante ferramenta para o
gerenciamento dessas propriedades, por facilitar o entendimento de informações
como hidrografia, limites territoriais e áreas de aptidão agropecuária. O
microzoneamento, orientado pela ONG The Nature Conservancy (TNC), inicia neste
ano em São Félix do Xingu. Os trabalhos de adequação ambiental ajudarão a
identificar a aptidão das áreas, para se são melhores para o desenvolvimento da
agricultura, pecuária ou silvicultura. Dados como esses possibilitam que várias
culturas sejam trabalhadas em uma mesma propriedade.
O estudo
também auxiliará o trabalhador a solucionar problemas considerados rotineiros
nas fazendas. A intensificação das pastagens, por exemplo, é uma das formas de
combater a erosão do solo, causada normalmente pelo baixo desenvolvimento da
cobertura vegetal e da pequena extensão das raízes das plantas utilizadas na
atividade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário