Família alegou que
paciente recebeu medicação errada. Direção do HMU nega versão.
Uma
menina de apenas 4 anos de idade morreu, na noite de terça-feira, 26, no
Hospital Municipal de Marabá. O secretário municipal de Saúde, Nagib Mutran
Neto, e o diretor técnico do Hospital Municipal de Marabá (HMM), Alex Freitas,
deram entrevista coletiva à imprensa na tarde de ontem na sala de reuniões da
Secretaria Municipal de Saúde, para falar sobre o caso. Segundo Alex, que é
médico infectologista, a criança, Emilly Vitória Medeiros Oliveira, de 4 anos,
tinha varicela (catapora), mas desenvolveu outra enfermidade, que a levou a óbito.
Ele explicou que a criança foi atendida na segunda-feira, por volta de 12h30, e
foi diagnosticado com catapora já em fase de cura.
A menina
foi medicada e liberada para que continuasse o tratamento em casa, como é
normal nesse tipo de enfermidade, mas sob a orientação de que, caso
apresentasse alguma alteração de seu quadro clínico, retornasse ao hospital. No
dia seguinte, no final da tarde, a família trouxe a criança novamente e, desta
vez, apresentando já o quadro de septicemia (infecção generalizada), vindo a
óbito pouco tempo depois. Segundo o especialista, não há como detalhar o que
causou esse quadro infeccioso, mas ele ressalta que a própria ferida na pele,
causada pela catapora, pode ter servido de porta entrada para alguma bactéria.
A septicemia
pode conduzir rapidamente a um choque séptico e à morte. A septicemia
associada a alguns organismos, como os meningococos, pode levar a choque,
insuficiência adrenal e coagulopatia intravascular disseminada, uma condição
denominada síndrome de Waterhouse-Friderichsen. Segundo o diretor do HMM, os
médicos que atenderam a menina deram todo o atendimento necessário à mesma. No
entanto, diante do quadro, extremamente grave, ela veio a óbito.
Alex
também garantiu que o hospital não reteve a receita da paciente, como chegou a
denunciar os familiares e disse que o prontuário de atendimento está lá para
quem quiser consultar. “Não temos nada a esconder”, ressaltou. Ele também disse que, ao contrário do que a
família suspeita, está praticamente descartada a hipótese da criança ter
recebido medicação errada. “O próprio laudo prévio do IML, de septicemia,
derruba essa hipótese”, acrescentou Alex, frisando também que se o quadro da
criança na primeira vez que foi atendida indicasse internação, mesmo estando
com catapora, seria internada em uma área isolada.
O diretor
declarou que resolveu convocar a imprensa porque a família teria dito que o
médico não quis internar a menina, alegando que a doença poderia contaminar
outras crianças da ala pediátrica do hospital. “Não existe isso. Se fosse
necessário, ela teria sido internada”. O secretário de Saúde lamentou o
ocorrido e disse que, assim que foi informado, mandou apurar, para ver o que de
fato tinha acontecido. “Pelo que fui informado, o quadro infeccioso foi severo,
não tendo como salvar a criança. Como médico, sei que a infecção quando
generaliza, é difícil salvar o paciente, porque acontece logo a falência dos
órgãos”.
Ainda
segundo o secretário, apesar de ainda apresentar inúmeras deficiências, o
atendimento no HMM já melhorou muito. Ele falou das medidas já adotadas e que
estão sendo tomadas para equacionar os problemas, cônicos do hospital, pela
falta de investimentos das gestões passadas. Entre as medidas, estão as
reformas dos centros cirúrgicos e da cozinha, já em andamento; e abrir
licitação para a compra de equipamentos, como raio x e aparelhos cardiológicos.
Outra
medida, a partir de abril, será fazer a regulação do atendimento no hospital.
Inclusive será montada uma central de regulação na sede da Secretaria de Saúde,
que vai funcionar 24 horas. “Aos poucos vamos melhorando. Claro que não podemos
em três meses de governo resolver problemas que se arrastam há década, mas
vamos trabalhar para que o nosso serviço fique, pelo menos, de regular a bom”.
O
secretário adiantou que pretende fortalecer a rede básica, com a implantação de
equipes de saúde da família. “Existe um recurso da Vale, como parte das
compensações pela Alpa, e vamos solicitar que seja para reforma dos postos de
saúde. Não queremos nem gerenciar esse recurso, queremos que ela faça a reforma
e nos entregue os prédios”, ressaltou Nagib.
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