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sexta-feira, 29 de março de 2013

CRIANÇA MORRE NO HOSPITAL MUNICIPAL DE MARABÁ


Família alegou que paciente recebeu medicação errada. Direção do HMU nega versão.

Uma menina de apenas 4 anos de idade morreu, na noite de terça-feira, 26, no Hospital Municipal de Marabá. O secretário municipal de Saúde, Nagib Mutran Neto, e o diretor técnico do Hospital Municipal de Marabá (HMM), Alex Freitas, deram entrevista coletiva à imprensa na tarde de ontem na sala de reuniões da Secretaria Municipal de Saúde, para falar sobre o caso. Segundo Alex, que é médico infectologista, a criança, Emilly Vitória Medeiros Oliveira, de 4 anos, tinha varicela (catapora), mas desenvolveu outra enfermidade, que a levou a óbito. Ele explicou que a criança foi atendida na segunda-feira, por volta de 12h30, e foi diagnosticado com catapora já em fase de cura. 

A menina foi medicada e liberada para que continuasse o tratamento em casa, como é normal nesse tipo de enfermidade, mas sob a orientação de que, caso apresentasse alguma alteração de seu quadro clínico, retornasse ao hospital. No dia seguinte, no final da tarde, a família trouxe a criança novamente e, desta vez, apresentando já o quadro de septicemia (infecção generalizada), vindo a óbito pouco tempo depois. Segundo o especialista, não há como detalhar o que causou esse quadro infeccioso, mas ele ressalta que a própria ferida na pele, causada pela catapora, pode ter servido de porta entrada para alguma bactéria.

A septicemia pode conduzir rapidamente a um choque séptico e à morte.  A septicemia associada a alguns organismos, como os meningococos, pode levar a choque, insuficiência adrenal e coagulopatia intravascular disseminada, uma condição denominada síndrome de Waterhouse-Friderichsen. Segundo o diretor do HMM, os médicos que atenderam a menina deram todo o atendimento necessário à mesma. No entanto, diante do quadro, extremamente grave, ela veio a óbito.

Alex também garantiu que o hospital não reteve a receita da paciente, como chegou a denunciar os familiares e disse que o prontuário de atendimento está lá para quem quiser consultar. “Não temos nada a esconder”, ressaltou.  Ele também disse que, ao contrário do que a família suspeita, está praticamente descartada a hipótese da criança ter recebido medicação errada. “O próprio laudo prévio do IML, de septicemia, derruba essa hipótese”, acrescentou Alex, frisando também que se o quadro da criança na primeira vez que foi atendida indicasse internação, mesmo estando com catapora, seria internada em uma área isolada.

O diretor declarou que resolveu convocar a imprensa porque a família teria dito que o médico não quis internar a menina, alegando que a doença poderia contaminar outras crianças da ala pediátrica do hospital. “Não existe isso. Se fosse necessário, ela teria sido internada”. O secretário de Saúde lamentou o ocorrido e disse que, assim que foi informado, mandou apurar, para ver o que de fato tinha acontecido. “Pelo que fui informado, o quadro infeccioso foi severo, não tendo como salvar a criança. Como médico, sei que a infecção quando generaliza, é difícil salvar o paciente, porque acontece logo a falência dos órgãos”.

Ainda segundo o secretário, apesar de ainda apresentar inúmeras deficiências, o atendimento no HMM já melhorou muito. Ele falou das medidas já adotadas e que estão sendo tomadas para equacionar os problemas, cônicos do hospital, pela falta de investimentos das gestões passadas. Entre as medidas, estão as reformas dos centros cirúrgicos e da cozinha, já em andamento; e abrir licitação para a compra de equipamentos, como raio x e aparelhos cardiológicos.

Outra medida, a partir de abril, será fazer a regulação do atendimento no hospital. Inclusive será montada uma central de regulação na sede da Secretaria de Saúde, que vai funcionar 24 horas. “Aos poucos vamos melhorando. Claro que não podemos em três meses de governo resolver problemas que se arrastam há década, mas vamos trabalhar para que o nosso serviço fique, pelo menos, de regular a bom”.

O secretário adiantou que pretende fortalecer a rede básica, com a implantação de equipes de saúde da família. “Existe um recurso da Vale, como parte das compensações pela Alpa, e vamos solicitar que seja para reforma dos postos de saúde. Não queremos nem gerenciar esse recurso, queremos que ela faça a reforma e nos entregue os prédios”, ressaltou Nagib.

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