Fazendeiros
desenvolvem atividades em áreas de desmatamento na Amazônia.
De
acordo com a atualização divulgada no dia 28 de dezembro de 2012, a criação de
bovinos é a atividade econômica com mais inclusões na chamada “Lista Suja”,
relação de empregadores flagrados explorando escravos, mantida pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Dos
56 nomes incluídos no cadastro, a pecuária bovina soma um total de 20 novas
entradas. Em outras palavras, 35,7%, mais de um terço dos incluídos, são
pecuaristas, sendo que a maioria desenvolve atividades em áreas de desmatamento
na Amazônia. A constatação reforça a relação
entre a exploração de escravos e desmatamento. A expansão da pecuária em áreas
de floresta amazônica é uma tendência.
Em
outubro, relatório apresentado pela Comissão Pastoral da Terra sobre as
libertações feitas até então já apontava a ligação entre a abertura e
manutenção de pastos em áreas isoladas e a exploração de pessoas. São casos
como o de Marcos Nogueira Dias, reincidente na redução de pessoas à condição de
escravos. Conhecido como Marcão do Boi, o fazendeiro foi incluído na relação na
primeira vez em 2005, quando o grupo móvel, sob coordenação do auditor fiscal
Paulo César, libertou 43 trabalhadores da fazenda São Marcos, em Abel Figueiredo.
Agora, nesta segunda vez, a inclusão é resultado de flagrante de 2008 em que 11
pessoas foram libertadas na Fazenda Pau Terra, localizada em Rondon do Pará.
A
propriedade acabou ocupada em 2009 por agricultores sem-terra da Federação dos
Trabalhadores da Agricultura Familiar no Estado do Pará (FETRAF), organização
ligada à CUT. O grupo defendia que a área fosse desapropriada para reforma
agrária. Na ocasião, o sem-terra Saturnino Pereira da Silva foi assassinado,
crime pelo qual o fazendeiro e seu filho, José Dias Costa Neto, o Zezinho,
foram apontados como mandantes pela Polícia Civil do Pará. Eles responderam em liberdade
pelas acusações, após obterem habeas corpus na Justiça.
Também
entra nesta atualização, Coracy Machado Kern, proprietária da Fazenda São Judas
Tadeu, em São Félix do Xingu, onde cinco pessoas foram resgatadas da escravidão
na Fazenda Vida Nova. Depois da
pecuária, é a produção de carvão que puxa as inclusões da lista. Na sequência,
foram 7 inserções no carvão, 6 na silvicultura, 4 no extrativismo vegetal com
atividades ligadas ao desmatamento, 3 na cultura de cana-de-açúcar e 3 na
cultura de soja.
Na
extração de carvão, chama a atenção o número de casos no centro-oeste e a
gravidade das situações em que os trabalhadores foram resgatados. Os casos se
espalham por todo o país, mas as regiões de expansão de fronteira agrícola
concentram violações de direitos humanos. Além do aumento do número de
inclusões no centro-oeste, capitaneado pelos 13 casos em Goiás e pelos oito no
Mato Grosso, também chamam a atenção os registros na região norte. No Pará
foram sete libertações e no Amazonas cinco.
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