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domingo, 6 de janeiro de 2013

PROJETO SEMENTES DA FLORESTA INVESTE EM EXTRAÇÃO SUSTENTÁVEL NA TRANSAMAZÔNICA



Sob ameaça de madeireiros e pecuaristas, colonos fazem extração de óleo de andiroba, castanha-do-pará e cupuaçu.

Às margens da rodovia Transamazônica, um grupo de agricultores liderados pela freira Ângela Sauzen, está tentando estabelecer a viabilidade econômica da extração sustentável de óleos naturais de plantas locais. O projeto Sementes da Floresta foi formado por agricultores levados originalmente para a Amazônia num programa do governo que pretendia colonizar a região ao longo da Transamazônica.  Derisvaldo Moreira, o Dedel, um dos integrantes do Projeto, conta que a comunidade extrai diversos tipos de óleos naturais de plantas como andiroba, castanha-do-pará e cupuaçu. O óleo produzido é vendido principalmente para a indústria cosmética.
Como muitos agricultores do Sementes da Floresta, Dedel migrou para a Amazônia do árido Nordeste brasileiro em busca de terra e recebeu um pequeno lote do governo para a lavoura e o cultivo da terra. Com o tempo, porém, esses pequenos agricultores começaram a pensar em um novo tipo de atividade econômica – a extração sustentável de óleos naturais de plantas amazônicas. Foi então que, com a ajuda de sua irmã franciscana Ângela Sauzen, nasceu o projeto Sementes da Floresta. Desde então, o projeto vem se expandido para incluir mais produtos naturais e mais comunidades. A transição da agricultura para o extrativismo sustentável, porém, não foi fácil.
Os colonos, sem prática na extração de óleos, tiveram que convidar pessoas de comunidades tradicionais, que vivem há muito tempo na floresta, para ensiná-los como tirar tais substâncias das sementes das plantas. Também tiveram de passar pelo processo burocrático de criar uma empresa comunitária para adequar o processo extrativista a exigências legais e contábeis. O problema mais grave dos colonos tem sido a oposição implacável de latifundiários, grileiros e madeireiros, que afirmam que a terra é deles, apesar de o governo ter decidido, em 1971, criar o Polígono de Altamira, destinando as terras daquela porção da rodovia Transamazônica para serem ocupadas exclusivamente por pequenos agricultores do programa de reforma agrária.
Os madeireiros da região admitem, sem se identificar, que de certa forma todos operam ilegalmente. O pecuarista Domingos Nicolodi reivindica mais de 6.000 hectares de terra na área em que os assentados hoje fazem coleta de produtos florestais, apesar de tais dimensões extrapolarem mais de duas vezes a área máxima de terras públicas que uma pessoa pode adquirir de acordo com a Constituição brasileira. Questionado sobre o projeto Sementes da Floresta ele diz: “Isso é tudo coisa daquela freira maluca. Não sei por que ela tem de se envolver nessas questões de terra. Ela devia ficar na igreja, rezando.” Para a franciscana, o importante é que o Incra legalize a situação dos colonos, que ainda é irregular. “Enquanto nada acontece, a floresta está sendo esvaziada pelos caminhões dos madeireiros.” Concluiu a Freira.

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