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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DEPUTADOS PARAENSES PARTICIPARAM DE RESGATE EM FAZENDA NO SUDESTE


Trabalhadores foram resgatados em situação sub-humana dentro da fazenda Alô Brasil, na zona rural de Marabá.

Os deputados federais Giovanni Queiróz (PDT) e Claudio Puty (PT) acompanharam, esta semana, a operação do grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo que resgatou 8 trabalhadores rurais flagrados na execução do chamado “roço de juquira”, abertura para a expansão da pastagem para atividade pecuária, na Fazenda Alô Brasil, que pertence a Luís Batista Mariano, localizada em Rio Preto, zona rural do município de Marabá. A propriedade tem cerca de 500 alqueires (em torno de 1,2 mil hectares), com aproximadamente 800 cabeças de gado.

Composta também por integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), a fiscalização encontrou trabalhadores em condições degradantes (alojados em barracos precários de lona e terra de chão batido, sem acesso à água potável, à alimentação adequada e a banheiro), sob isolamento geográfico, sem receber salários há dois meses, submetidos tanto à servidão por dívida e como a jornadas exaustivas do início da manhã até o anoitecer. “Vimos uma situação vergonhosa, constrangedora. Nunca vi nada tão ridículo”, descreveu o ruralista Giovanni Queiroz.

De acordo com ele, o proprietário não tinha “nenhuma desculpa” para tratar os empregados de tal maneira, pois a fazenda era de meio porte, inclusive com “curral bem feito”. O deputado Cláudio Puty, que já acompanhou uma fiscalização de combate ao trabalho escravo urbano em São Paulo (SP), também ficou impressionado com o que viu. “Uma coisa é você saber o que é trabalho degradante pela letra da lei e outra é ver uma situação chocante como essa”, avaliou. Foram cinco horas de estrada de terra até a fiscalização alcançar a fazenda. “O local é de difícil acesso e o povoado mais próximo fica a 30 quilômetros da fazenda”, salientou Ivan Valente, outro parlamentar que esteve na operação, enfatizando o grau de dificuldade de acesso ao local. 

Os regatados foram atraídos pela promessa de ganhar R$ 130 por alqueire convertido em pasto – o que, em média, levaria 15 dias. Contudo, o empregador não cumpriu a promessa. Há cerca de dois meses no local, tinham sido contemplados apenas com pequenos adiantamentos, que posteriormente seriam descontados de seus vencimentos. Sem salários, eles viam que dificultava ainda mais o deslocamento da Fazenda Alô Brasil. A água consumida pelos resgatados – para tomar banho, matar a sede e cozinhar – era a mesma consumida pelo gado. As vítimas dormiam em barracas de lona abertas, sem nenhuma proteção. “Na região, o calor é intenso e, durante a noite, é muito frio. 

Os trabalhadores estavam expostos, ao relento”, completou o experiente deputado do PSol. Somente o vaqueiro dormia em um cômodo de alvenaria. Os auditores fiscais encontraram cadernos com anotações de dívidas referentes à compra de fumo, botas e sabonetes, entre outros itens. Ninguém tinha a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) preenchida.

De acordo com o auditor fiscal Benedito de Lima e Silva Filho, coordenador da fiscalização, foram lavrados 12 autos de infração contra o empregador, que pagou as verbas rescisórias no total de R$ 25 mil. Representado pelo procurador do trabalho Allan de Miranda Bruno na fiscalização, o MPT firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os responsáveis pela área que prevê indenização de R$ 30 mil por danos morais coletivos e outros R$ 10 mil por danos morais individuais.

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