A principal finalidade
do experimento é promover a proteção das florestas por meio do uso sustentável
da Reserva Legal.
A Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Esalq/USP, está realizando no
município de Paragominas um experimento que busca aliar a preservação do meio
ambiente com a produção sustentável de espécies nativas de frutíferas e
madeireiras da Amazônia. O experimento é desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia
e Restauração Florestal e o Laboratório de Silvicultura Tropical, e desenvolve
técnicas de enriquecimento florestal em áreas degradadas de Reserva Legal e a
recuperação de Área de Proteção Permanente em 13 propriedades rurais da região.
Entre essas propriedades, estão as fazendas modelo do projeto Pecuária Verde,
que além de trabalhar com a preservação das áreas de floresta, tenta otimizar
os pastos por meio da intensificação da pecuária.
O
projeto, coordenado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, com
financiamento de instituições como o Fundo Vale e a empresa de tecnologias para
o campo Dow Agrosciences, utiliza espécies como mogno, cupuaçu e paricá para
futuro manejo. Com um mapeamento detalhado, necessário ao Cadastro Ambiental
Rural, CAR, exigência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Sema, para a regularização
ambiental no Pará, os produtores e organizações não governamentais envolvidas,
como a The Nature Conservancy, identificam as potencialidades e passivos
ambientais da região. Com este trabalho, o município de Paragominas, por
exemplo, já conta com 1.050 propriedades registradas.
Com a
proposta de aproveitamento sustentável, o manejo das espécies madeireiras e
frutíferas poderá render cerca de mil reais por hectare ao ano, em um ciclo de
15 a 20 anos para as espécies madeireiras. Para surpresa de alguns produtores,
houve propriedades que tinham mais reserva ambiental do que a quantidade
exigida pela legislação vigente. “Hoje, 90% dos nossos produtores não sabem o
que eles têm de floresta”, ressalta o presidente do Sindicato dos Produtores
Rurais de Paragominas e diretor executivo do projeto Pecuária Verde, Mauro
Lúcio Costa. A legislação atual permite que áreas de reserva legal sejam
exploradas para fins de manejo sustentável, desde que não descaracterize a
cobertura vegetal e não prejudique a conservação da vegetação nativa da área.
Baseados
nessa prerrogativa, as equipes definem a metodologia dos plantios de
enriquecimento. A principal finalidade do experimento é promover a proteção das
florestas por meio do uso sustentável da Reserva Legal. Para isso, o projeto
indica quais são as espécies nativas frutíferas e madeireiras mais promissoras
para a atividade, bem como a técnica utilizada para o plantio de
enriquecimento. O produtor da Fazenda São Luiz, Osmar Scaramussa, reconhece que
o resultado será obtido em longo prazo, mas não espera a hora de iniciar a
proposta de licenciamento para o manejo futuro da reserva, recebido durante a
última Exposição Agropecuária de Paragominas, realizada em agosto de 2012. “É
um grande avanço para Paragominas e para o estado do Pará. Se eu não colher,
meus filhos o farão. É uma renda garantida”, afirmou Scaramussa.
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