A justiça acatou o pedido de Ação Civil Pública
(ACP) por Improbidade Administrativa ajuizada pelo procurador Nelson Pereira
Medrado e pelos promotores de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno e
Cláudio Lopes Bueno, representantes do Ministério Público do Estado (MPE) em
desfavor de mais de 18 pessoas, físicas e jurídicas, entre eles, o atual
prefeito de Mocajuba Rosiel Sabá Costa e o presidente da Câmara dos Vereadores
Edinilton Domingos Almeida Braga por desvio de recursos públicos e várias
fraudes em licitação desde o ano de 2009 até hoje. O processo estava correndo em
sigilo judicial.
O juiz José Ronaldo Pereira Sales da comarca de
Mocajuba afastou por 180 dias, de suas funções, o prefeito de Mocajuba Rosiel
Sabá Costa e o presidente da Câmara Edinilton Domingos Almeida Braga. Os
dois tiveram quebra de sigilos bancário e fiscal decretada pela Justiça face
ao interesse público. Junto com o gestor do executivo e o edil do legislativo
estão mais doze pessoas, a maioria da família Quaresma e mais cinco empresas que
participaram do esquema de fraudes em licitações.
As premiadas na ACP - Pólo construção e
pavimentação Ltda, Construtora Engecil, Posto Renascer LTD., Sonagro
Sol nascente agropecuária Ltda e Assessoria contábil pública e empresarial do
terceiro setor (Ascep).
Os denunciantes do esquema estão temerosos de
represálias por parte dos indiciados.Foi constatado pelo Ministério Público que
o prefeito da cidade de Mocajuba Rosiel Sabá, o presidente da casa legislativa
municipal Edinilton Domingos Braga juntamente com Luiz Carlos Cardoso Lopes,
Willison Acioli Lopes, Ajax João Ferreira Paes, Maria do Socorro Pinto Alves
Batista, Viviane Rodrigues Carvalho, Maria da Conceição Quaresma Lourinho,
Thainá da Cruz Quaresma, Miguel Océlio Seixas Quaresma, Luiz Alfredo Quaresma de
Miranda, Hamilton Coelho Braga, Fernando José dos Santos Braga, sócios das
empresas Polo Construção e Pavimentação, Construtora Engecil, Posto Renascer
Ltda, Sonagro Sol Nascente e a Assessoria Contábil Pública e Empresarial do
Terceiro Setor (Ascep) formaram uma organização criminosa para roubar os cofres
públicos da prefeitura da cidade.
De acordo com membros do MPE autores da ação “o
rosário das supostas irregularidades é estarrecedor, indicando que os cofres do
município vêm servindo de fonte a inescrupulosos agentes, alguns travestidos de
servidores públicos, ávidos de enriquecer às custas do erário, sem a menor
desfaçatez”.
As infrações eram cometidas por meio de fraudes
em licitações, cujos procedimentos eram montados e forjados para lhes dar a
aparência de legalidade, utilizando para tal, empresas de fachada, o que
acarretou em desvios de milhões dos cofres públicos de Mocajuba.
Segundo o juiz José Ronaldo Pereira Sales, “os
requeridos vêm, desde o início das investigações, criando todo tipo de
dificuldades ao esclarecimento dos fatos e com isso prejudicando a instrução
processual. Ora teriam se negado a apresentar os documentos requisitados
diversas vezes pelo MPE, ora teriam tentado forjar procedimentos licitatórios
para supostamente atender os pedidos, ora ainda teriam tentado esconder
evidências ou prova e, só a muito custo, depois da intervenção judicial, é que o
órgão autor teria logrado localizar e apreender esses documentos”.
Após todos os expostos, a justiça deferiu
parcialmente os pedidos do Ministério Público do Estado e indispôs os bens das
empresas Polo Pavimentação e Construção Ltda até o limite de três milhões e
quinhentos mil reais e do Posto Renascer Ltda até o limite de três milhões e
seiscentos mil reais. Bem como os bens de Viviane Rodrigues Carvalho e Luiz
Carlos Lopes e dos servidores públicos Willison Acioli Lopes e Ajax João
Ferreira Paes, até o limite de um milhão e seiscentos mil reais.
Além destes, também foram bloqueados os bens da
contadora Maria do Socorro Alves até a soma de três milhões e seiscentos mil
reais e os do prefeito de Mocajuba, Rosiel Costa, no montante de cinco milhões
de reais.
Foi determinada também a quebra do sigilo
bancário e fiscal dos acusados referentes à movimentação financeira e às
declarações de imposto de renda dos últimos cinco anos. Além do imediato
afastamento dos cargos e funções, pelo prazo de 180 dias, sem prejuízo de suas
remunerações, do prefeito Rosiel Sabá Costa, do presidente da Câmara dos
Vereadores Edinilton Domingos e dos servidores públicos Luiz Carlos Lopes,
Willison Acioli e Ajax João Ferreira.
As investigações na esfera criminal e em relação
a outros municípios estão a cargo da Procuradoria de Justiça do Ministério
Público do Estado.
Entenda o caso
O Ministério Público do Estado instaurou procedimento investigatório para apurar a ocorrência de fraudes em licitações no município de Mocajuba, após solicitação da documentação relativa aos processos licitatórios dos anos de 2009/2012 e nada foi encaminhado ao MPE, pois, de acordo com os testemunhos colhidos durante o processo, ninguém sabia onde os documentos se encontravam.
Após uma visita de um representante do MPE ao
setor de licitação do município, foi encaminhada uma cópia dos supostos
processos licitatórios do ano de 2009. “A prefeitura encaminhou relação com
cópia de todos os supostos procedimentos licitatórios realizados no ano de 2009
e ainda encaminhou as notas de empenho de 2009 a 2012. Depois foram encaminhados
os procedimentos do ano de 2010. A demora devia-se ao fato de que os
procedimentos estariam sendo montados e forjados”, afirmam os autores da
ACP.
Além disso, foi também constatado que a empresa
Point Frio, localizada na cidade de Belém, era usada no esquema como fachada das
empresas Polo e era lá que estava acontecendo a montagem de vários procedimentos
licitatórios do município de Mocajuba dos anos de 2012 e 2013, os que não haviam
sido emitidos ao MPE, mesmo sendo requisitados.
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