Durante três dias,
professores e alunos se revezaram em atividades teóricas e práticas nas águas
do rio Xingú.
A empresa
Norte Energia, responsável pelas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte,
realizou esta semana em Altamira, o Curso de Mergulho Profissional Nível I ,
que contou com a participação de 20 pescadores da região e três militares do
Corpo de Bombeiros de Altamira. Durante três dias, professores e alunos se
revezaram em atividades teóricas e práticas que começaram nas piscinas do Xingu
Praia Clube e terminaram na água corrente do rio Xingu. Atualmente, um curso de
mergulho custa entre R$ 1.500,00 e R$ 2.000,00, sendo que o mais próximo de
Altamira é realizado em Fortaleza (CE).
Com a
iniciativa, a renda média de R$ 1.800,00 mensais de quem vive da captura e da
venda do Acari na região tende a melhorar diante das novas oportunidades que
vão surgir. A carteira de “Mergulhador Profissional” entregue ao final do curso
também representa mais trabalho para os ribeirinhos da região. “Quando
precisarem de mergulhador na região já tem a gente aqui, né?!”, concluiu o
pescador Nonato Gomes, de Vitória do Xingu. O Curso de Mergulho Profissional
está entre os nove cursos que serão realizados para os pescadores da região.
A
iniciativa faz parte do PBA (Projeto Básico Ambiental) - documento que lista
uma série de atividades compensatórias para a região da Transamazônica e do
Xingu. O próximo será sobre pilotagem de embarcações e está previsto para
começar em meados de abril. A prática do mergulho é uma ocupação voltada
normalmente para o turismo. Mas na região do Xingu, os instrutores adaptaram
essa atividade para a pesca ornamental, trocando os cilindros de ar comprimido
por compressores. “Além disso, é impressionante como eles conseguem vencer a
correnteza (do Xingu) sem nadadeiras. É uma prova da adaptação ao meio ambiente
muito interessante”, explica Eduardo Franklin, instrutor e coordenador do
curso.
Essas
adaptações contam ainda com a instalação de filtros na saída desses
compressores para melhorar a qualidade do oxigênio inalado durante os
mergulhos. Além disso, os participantes também aprenderam a calcular o tempo
exato entre mergulho e retorno à superfície, com paradas descompressivas de
segurança, além de noções para aperfeiçoar o nado e uso de roupas as mais
adequadas possíveis. Tudo para garantir a integridade física dos
mergulhadores.Pelo menos seis pescadores que participaram do curso já
apresentaram, no passado, problemas de saúde por conta da descompressão
inadequada, ou seja, quando sobem muito rapidamente à superfície depois de
terem passado determinado tempo no fundo do rio. “Colocar sangue pelo nariz é o
principal deles. Mas é preciso entender que isso é o início de problemas mais
graves, como a ‘narcose por nitrogênio’ ou mesmo a ‘doença descompressiva’, que
pode levar à paralisia parcial e à morte”, explica Eduardo.
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