A Superintendência da Polícia Federal no Pará
informou que, mesmo
que os índios que ocupam um dos canteiros da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte não
deixem o local
voluntariamente, dificilmente vai organizar uma operação policial de
desocupação, antes da próxima
segunda-feira, 03. “Antes de deslocarmos equipes até o local, temos que traçar planos e definir a melhor
estratégia para
tentarmos evitar um confronto, que é algo que
ninguém quer”, comentou o assessor da PF em Belém, Fernando Sérgio Castro, logo após
consultar o
superintendente da corporação no estado, delegado Valdson José Rabelo.
Segundo o assessor, dois fatores dificultam o
planejamento da operação: o feriado e o fato de que
cerca de 70
policiais federais estão sendo deslocados de várias delegacias paraenses para o Recife onde, a partir
desta segunda-feira, começam a se preparar para garantir a segurança durante a Copa das
Confederações, evento
esportivo que começa no próximo dia 15. “Diante de uma situação dessa,
logicamente, vamos
ter que traçar planos. Esperamos que não seja necessário o uso da força, que os
índios deixem o local como já
fizeram em outras ocasiões e a situação se resolva pacificamente. Agora, é
óbvio que, se for preciso, a PF vai usar os meios necessários para que a ordem
judicial seja cumprida. Eu acredito que, a menos que a situação se agrave, isso não
acontecerá antes de
segunda-feira”,
acrescentou o assessor.
Segundo o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela execução da obra, o clima no local
é tenso, já que
os índios, além de estarem
ameaçando atear fogo em máquinas e instalações, se
apoderaram de cinco
ônibus e dezenas de
rádios-comunicadores e bloquearem rotas de fuga em caso de
emergências. “Neste
estágio, com o grau de tensão
que está no local, compete à polícia e à justiça resolver o caso. O consórcio faz o que está
ao seu alcance para
assegurar a
segurança dos 4 mil
trabalhadores presentes no canteiro”, declarou o
assessor de
comunicação do CCBM, Fernando Santana.
O prazo concedido pela Justiça Federal para que os
índios deixassem o local terminou na quarta-feira, 29. Os índios ainda tentaram reverter a decisão judicial, mas o juiz federal Sérgio
Wolney de Oliveira Guedes, da Subseção
Judiciária de Altamira, manteve a decisão. Os índios
exigem a
suspensão de todos os
empreendimentos hidrelétricos na Amazônia, até que o processo de consulta prévia aos povos
tradicionais, previsto
na Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja regulamentado.
Segundo o governo, isso já está sendo feito pelo
grupo de trabalho interministerial instituído em janeiro de 2012 para avaliar e
apresentar proposta de regulamentação dos mecanismos de consulta prévia. O grupo é
coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores e pela
Secretaria-Geral da Presidência da República e conta com a
participação de vários
órgãos e
entidades governamentais.
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