O Ibama enviou mais agentes para a frente da operação
Soberania Nacional na região de Dom Eliseu, no sudeste do Pará, onde grupos de
madeireiros ilegais realizaram neste final de semana ações violentas contra
servidores do instituto. O primeiro grupo de reforço, com fiscais e homens da
Polícia Militar do Pará, chegou ao município na madrugada desta segunda-feira
(03/12). Foram deslocados de Marabá, distante cerca de 230 Km, onde
fiscalizavam carvoarias na operação Saldo Negro. "O Ibama manterá sua
presença na região e promoverá ações ainda mais duras para combater essas
práticas criminosas", disse o chefe da Fiscalização do órgão no Pará,
Paulo Maués.
O Ibama
combate intensamente o desmatamento e a exploração ilegal de madeira na região
de Dom Eliseu — que inclui Ulianópolis, Rondon do Pará e Paragominas. Apenas
com a operação Soberania Nacional, iniciada em setembro, o instituto aplicou R$
44 milhões em multas e embargou sete mil hectares de florestas irregularmente
desflorestadas nestes municípios. "Estamos pressionando quem produz de
forma ilegal para fora do mercado e, por isso, a reação desesperada",
explica Maués. Segundo ele, uma grande operação já está em planejamento para
desarticular o setor madeireiro que se envolveu nos ataques contra o Ibama.
Ameaças
em Dom Eliseu — Os
conflitos começaram na manhã de sábado (01/12). Dois caminhões apreendidos pelo
Ibama com madeira ilegal foram retidos por cerca de 30 homens, próximo a ponte
sobre o rio Bananal, em Dom Eliseu. O grupo armado não permitiu a saída dos
fiscais por cerca de três horas. Os líderes da emboscada foram os mesmos que,
no dia seguinte (02/12), organizaram uma manifestação violenta no centro do
município. No protesto, incendiaram pneus e ameaçaram por fogo no hotel onde se
hospedavam os agentes federais. Os madeireiros queriam que o Ibama se
retirasse da região.
O ato começou às 8h e terminou somente às 13h, após uma
reunião — entre a coordenadora da operação Soberania Nacional na
região, Taíse Ribeiro, e as lideranças locais — acordar o fim da
manifestação, com a promessa de assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta
que está em negociação para o setor, envolvendo Ministério Público Federal,
Ibama e as secretarias de Meio Ambiente do Pará e de Dom Eliseu.
Vingança
contra o cacique no Piriá — O Ibama fiscalizava explorações irregulares de madeira na
Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Nova Esperança do Piriá, a 400 km de Dom
Eliseu, quando dois fiscais e o cacique Valdeci Tembé, guia da operação, também
foram alvos de uma emboscada. A ação ocorreu ainda no sábado, às 19h, mas
patrocinada por outro grupo de madeireiros irregulares. Desta vez, foram cerca
de 150 homens armados. Os fiscais rendidos haviam ficado num trecho da estrada,
vigiando uma caminhonete quebrada, enquanto um grupo maior, com seis agentes e
oito homens do Batalhão de Polícia Ambiental do Pará, entrou na mata para
localizar uma exploração ilegal.
Com
chegada do invasores, o indígena fugiu para a floresta. Os madeireiros,
que usavam droga e bebiam cachaça durante o ataque, diziam que “queriam o
índio”. Os dois agentes ficaram em poder dos agressores até à uma hora de
domingo, quando retornou o restante da equipe do Ibama. O coordenador da ação,
Norberto Neves, negociou a saída em segurança dos agentes. Nenhum servidor do
Ibama ou policial ficou ferido ou sofreu agressão física. O cacique Valdeci
Tembé ainda está desaparecido.
De acordo
com os fiscais que estiveram em poder do grupo, os madeireiros disseram durante
a emboscada que, em 12/11, tiveram um prejuízo de cerca de R$ 5 milhões com os
tratores e caminhões queimados pelos índios Tembés, além de 600 m3 de madeira
apreendida pelo Ibama, e não deixariam a situação se repetir.
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