Escritório
regional do Ibama em Tucuruí atua em uma área de 44 mil quilômetros quadrados.
O Ministério Público Federal (MPF)
recomendou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) que a decisão da autarquia de desativar a unidade de
Tucuruí, no sudeste do Pará, só seja concretizada se antes forem feitos estudos
que garantam que a medida não prejudicará a proteção do meio ambiente na
região. O MPF também quer que o fechamento da unidade do Ibama no município
seja condicionado à realização de debates do instituto com a sociedade.
Assinadas pelo procurador da República
Paulo Rubens Carvalho Marques, as recomendações à presidência do Ibama, em
Brasília, e à superintendência estadual do instituto, em Belém, foram
encaminhadas nesta segunda-feira, 29 de julho. Assim que receberem os
documentos, os representantes da autarquia terão cinco dias para apresentarem
resposta.
O escritório regional do Ibama em
Tucuruí atua em uma área de 44 mil quilômetros quadrados, abrangendo os
municípios de Tucuruí, Baião, Pacajá, Goianésia Do Pará, Breu Branco e Novo
Repartimento. E, por atuar constantemente na região do lago da usina
hidrelétrica de Tucuruí, as atividades de fiscalização desse escritório também
acabam ocorrendo em Jacundá e Itupiranga. “Ressalta-se que não se está a
indicar que o órgão descentralizado não seja desativado, mas sim a recomendar
que sua eventual desativação não ocorra sem que haja o necessário debate
democrático, o que inclui prévios estudos técnicos que demonstrem que não
haverá decréscimo da proteção dos recursos naturais presentes na região”, destaca
o procurador da República nos documentos enviados à autarquia.
Para que a desativação da unidade seja
decidida sem pressão de fatores externos e só após debate público e análise de
estudos sobre os impactos da medida, o MPF conseguiu que a Eletronorte prorrogasse
até 31 de maio de 2014 a cessão à autarquia do imóvel utilizado pelo Ibama em
Tucuruí. Segundo o MPF, o diálogo social sobre a decisão da autarquia deve
levar em conta, sobretudo, as peculiaridades da região, como a presença de
terras indígenas na área de atuação do escritório regional, os
permanentes impactos decorrentes da instalação, ampliação e operação da usina
hidrelétrica de Tucuruí, a pesca predatória no rio Tocantins, a extração ilegal
de madeira (inclusive a submersa), e as carvoarias irregulares, que muitas
vezes submetem seus trabalhadores à condição análoga à de escravo, dentre
outras questões.
Investigações realizadas pela
Procuradoria da República em Tucuruí apontam que monitorar o desmatamento via
satélite não é suficiente para evitar as irregularidades ambientais cometidas
na região. Segundo analistas do próprio Ibama, nas margens do lago da usina
hidrelétrica há uma tendência à ocorrência de pequenos focos de desmatamento
que dificilmente são visualizados nas imagens de satélites. Tais focos,
somados, contribuem para acelerar o assoreamento do lago, diminuindo, aos
poucos, a profundidade média dele, reduzindo o tempo de vida útil do
reservatório.
Nenhum comentário:
Postar um comentário