Município precisa avançar no Cadastro Rural, assinar o pacto pela sustentabilidade e criar um grupo de combate ao desmatamento.
O município de Medicilândia, situado às margens da Rodovia Transamazônica (BR-230), assinou o acordo de cooperação com o Programa Municípios Verdes (PMV), do governo do Estado. O acordo prevê ações para que o município alcance as metas do PMV e do termo assinado com o Ministério Público Federal (MPF). “O acordo ratifica a presença do município no PMV e garante o avanço de Medicilândia em busca da sustentabilidade. O município precisa avançar no Cadastro Ambiental Rural (CAR), assinar o pacto pela sustentabilidade e criar um grupo de combate ao desmatamento”, informou Justiniano Netto, secretário extraordinário para o Programa Municípios Verdes, que participou do I Seminário da Cacauicultura em Medicilândia e o PMV, cujo objetivo foi debater a cultura do cacau a partir das diretrizes do programa mantido pelo governo do Estado, voltado à regularização e à restauração ambiental.
Medicilândia é um município considerado sob pressão, mas não está na lista dos embargados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em 2012, o município registrou, segundo o Prodes (sistema oficial de monitoramento do desmatamento), 21,2 km², e já possui 77% de sua área cadastrável inserida no CAR. “É um município que possui o desmatamento controlado e uma produção muito próxima do que chamamos de agroecologia, modelo que convive perfeitamente com os ambientes florestais do município”, informou Justiniano Netto.
O município é considerado o maior produtor de cacau do Brasil, com mais de 36 mil hectares de área plantada. São mais de 36 toneladas de cacau em amêndoa produzidas por ano, o que garante a maior produção e a maior produtividade do país, superando a da Bahia. A grande maioria das plantações em Medicilândia é realizada em consórcio, com o plantio espécies florestais nativas. O cacau é plantado em meio a espécies como ipê, freijó e andiroba.
O cultivo consorciado é sinônimo de maior produtividade, uma vez que as espécies nativas proporcionam sombreamento ao cacau, que não necessita de muito sol. Nesses ambientes o solo é mais fértil, em função da maior quantidade de matéria orgânica depositada. O consórcio também é benéfico para o controle da “vassoura de bruxa”, praga que afeta as plantações de cacau. Em Medicilândia, Justiniano Netto visitou a propriedade de Ismar Trevisan, considerada modelo na região da Transamazônica. Trevisan já plantou mais de 250 mil árvores consorciadas com cacau, e foi buscar no município de Gurupá sementes de um cacau nativo da mata, que produz mais em áreas sombreadas e de mata nativa. “Produzo cerca de 3 quilos de amêndoas secas por árvore. São 60 frutos de cacau por cada árvore. Minha produtividade é quase o triplo da conseguida na Bahia, e o dobro da região nordestina”, informou o produtor, que também contou com o apoio da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), um centro federal de fomento à cultura do cacau.
Segundo Justiniano Netto, Medicilândia segue no caminho da sustentabilidade. “O município demonstra que é possível plantar de maneira sustentável, ecológica e econômica, mas ainda enfrenta o desafio da regularidade ambiental, do CAR e das licenças ambientais”, ressaltou.
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