O
atraso no cumprimento de obras compensatórias atreladas à construção da hidrelétrica de Belo Monte levou o
consórcio Norte Energia, a fazer
algumas mudanças de planos, com o propósito de não comprometer o cronograma do
empreendimento. O cronograma da Norte
Energia prevê que mais de 7 mil famílias devem ser remanejadas de suas
casas até julho do ano que vem, quando está prevista a etapa de enchimento do
lago da usina. Isso significa fazer a mudança de aproximadamente 20 mil pessoas
no prazo de onze meses.
Para acelerar a construção, a Norte Energia alterou o material que
será usado nas casas. Em vez da alvenaria tradicional, como estava previsto, as
casas começaram a ser erguidas com uma estrutura de concreto moldado. O
material faz com que a casa fique 20% mais cara que o modelo originalmente previsto,
mas é mais fácil e rápido de trabalhar. As mudanças, reconhece o diretor de
engenharia e construção da Norte Energia, Antônio Kelson, têm o propósito de acelerar a construção das
casas, mas ele afirma que a decisão foi tomada, principalmente, porque o
consórcio teve a intenção de entregar uma estrutura de melhor qualidade para a
população. “Foi uma decisão do acionista dar uma moradia melhor”, diz Kelson.
A afirmação é contestada pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre,
organização não governamental que tem liderado manifestações contra a
construção da usina. “A população está vendo seus direitos serem menosprezados
e desrespeitados. Vimos as casas que já fizeram. Elas estão rachando, porque
foram mal feitas”, critica Antonia Melo,
coordenadora do Xingu Vivo.
A Norte Energia confirmou que ocorreram rachaduras na estrutura de
uma das casas, mas atribuiu o problema a serviços de pavimentação realizados
nas ruas, de frente para o imóvel, antes que a obra estivesse concluída. “O
concreto da casa ainda não estava pronto, por isso ocorreram fissuras”, diz Kelson. As 4,1 mil casas do
reassentamento de Belo Monte serão erguidas em cinco áreas adquiridas pelo
consórcio no entorno de Altamira.
Em julho, as primeiras unidades começaram a ser construídas e a expectativa é
de que cerca de 400 unidades habitacionais sejam entregue por mês, até julho do
ano que vem. O orçamento estimado para as ações de reassentamento é de R$ 500
milhões.
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