Audiência de hoje será a segunda realizada no Estado, e a
oitava realizada pela Comissão da Verdade em território nacional.·.
Uma
comitiva da Comissão Nacional da verdade realiza hoje, a partir das 15h, uma
audiência pública na Câmara Municipal de Marabá para ouvir relatos de
camponeses que sofreram repressão e perseguição do regime. Essa é a primeira
vez que a Comissão faz uma audiência pública em cidade que não é capital de
estado. O evento será realizado em parceria com o Comitê Paraense de Verdade,
Memória e Justiça, que investiga casos de violações cometidas no estado do
Pará. Desde sua criação em maio deste ano, esta é a terceira vez que a CNV vai
ao Pará. Em outras ocasiões a Comissão esteve em Belém e na região do Araguaia colhendo
depoimentos de pessoas que sofreram com a repressão da ditadura na região.
A
audiência de hoje será a segunda realizada no Estado, e a oitava realizada pela
Comissão da Verdade em território nacional. Na tarde de ontem, a CNV publicou a sua resolução nº 5,
formalizando a criação do grupo de trabalho sobre violações de direitos humanos
relacionados à luta pela terra e contra populações indígenas, por motivações
políticas. Coordenado pela psicanalista Maria Rita Kehl, membro da CNV, o Grupo já está atuando e conta com a
participação da historiadora Heloísa Starling e do gestor Pedro Pontual, ambos
assessores da Comissão Nacional da Verdade.
O grupo de trabalho conta com a colaboração de
Wilkie Buzatti Antunes, pesquisador do Projeto República, da UFMG, e do
jornalista e pesquisador Inimá Ferreira Simões, servidor da Câmara dos
Deputados e mestre em cinema. Ambos são especialistas em questões ligadas a
camponeses e indígenas e prestarão serviços públicos relevantes não-remunerados
e serão cedidos pelos órgãos de origem à CNV sempre que necessário.
O GT tem
como missão esclarecer fatos, circunstâncias e autorias de casos de graves
violações de direitos humanos, como torturas, mortes, desaparecimentos
forçados, ocultação de cadáveres, relacionados a indígenas e camponeses no
período determinado pela lei que criou a CNV (1946-1988). O grupo deve ainda
identificar e tornar públicos estruturas, locais, instituições e circunstâncias
de violações de direitos humanos cometidas contra esses grupos. Tomando parte
das atribuições do Grupo de Trabalho, Kehl, Pontual, Buzatti e Simões estão em
missão no sul do Pará de 16 a 18 de novembro.
Ontem, o grupo seguiu até a Terra Indígena Sororó, no município de São Domingos
do Araguaia, área da etnia Aikewara, conhecida como os Suruí do
Pará. Dando continuidade aos trabalhos no Araguaia, no domingo, 18, o
grupo, acompanhado do assessor da CNV Guaracy Mingardi, irá ouvir depoimentos
de três ex-soldados que atuaram na repressão a militantes de esquerda e de
pessoas contrárias ao regime no Araguaia. Esses depoimentos podem ajudar a
esclarecer como funcionava a organização militar, quais eram as estruturas e
quais ordens eram enviadas a essa parte do Brasil durante a época de repressão.
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