O Ministério Público Federal enviou recomendação à Secretaria Municipal de Educação de Jacareacanga para que recontrate imediatamente os 70 professores indígenas que trabalhavam na Terra Indígena Munduruku e não tiveram seus contratos renovados no início do ano. O secretário Pedro Lúcio Santa Rosa da Luz tem prazo de 20 dias para informar ao MPF sobre o cumprimento da recomendação.
Ao
descontinuar os contratos dos professores, que trabalhavam há pelo menos 7 anos
na educação escolar Munduruku, a prefeitura desobedeceu legislação
internacional e nacional, descumprindo os objetivos da educação escolar
indígena. De acordo com a Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e com a Constituição Federal brasileira, às crianças indígenas é
assegurado o ensino em sua língua materna, além dos processos próprios de
aprendizagem.
Desde 1999,
a resolução 3 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação,
assegura a organização da educação escolar indígena em territórios
etnoeducacionais, considerando a participação da comunidade nas suas formas de
produção de conhecimento. A mesma resolução determina que a atividade docente
nas escolas indígenas deve ser exercida prioritariamente por professores da
própria etnia.
Três
normativos jurídicos garantem ainda a esses professores indígenas que eles
tenham direito à formação em serviço, ou seja, podem continuar ministrando
aulas enquanto fazem cursos de formação. No caso dos professores Munduruku, a
formação está ocorrendo no Curso de Magistério Intercultural, no Projeto
Ibaorebu de Formação Integral do Povo Munduruku.
O Projeto
Ibaorebu é coordenado pela Fundação Nacional do Índio e ainda não foi concluído
por responsabilidade exclusiva de problemas da própria organização do curso.
Para o MPF, enquanto o Ibaorebu não for concluído, os professores indígenas que
já tem experiência devem continuar trabalhando com as crianças Munduruku.
Para
substituir os professores indígenas, a prefeitura de Jacareacanga chegou a
contratar um número insuficiente de professores que não tem experiência com o
povo Munduruku. “Os novos contratados estão com sobrecarga de trabalho, o que
pôe em risco a qualidade das atividades desenvolvidas”, diz o procurador Camões
Boaventura, que expediu a recomendação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário