O
fazendeiro Marlon Lopes Pidde, acusado da chacina de 5 trabalhadores rurais no
município de Marabá, no dia 27 de setembro de 1985, sentará no banco dos réus
na manhã de hoje, em Belém. O crime
ficou conhecido como chacina da Fazenda Princesa. O processo já tramita na
justiça paraense há 29 anos e até hoje nenhum responsável pelos crimes foi
julgado. A sessão do Júri será presidida pelo Juiz Moisés Flexa.
O
caso ficou conhecido a nível nacional e internacional, em razão da crueldade
usada pelos assassinos, chefiados por Marlon, para matar as vítimas. Os cinco
trabalhadores foram sequestrados em suas casas, amarrados, torturados durante
dois dias e assassinados com vários tiros. Depois de mortos, os corpos foram
presos uns aos outros com cordas e amarrados a pedras no fundo do rio Itacaiúnas.
Os corpos só foram localizados mais de uma semana após o crime. O caso foi
levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, onde tramita um
processo contra o Estado brasileiro.
O
gerente da fazenda de Marlon, que também foi denunciado por ter participado da
chacina, escapou de ser julgado, devido ter completado 70 anos e ter sido
beneficiado pela prescrição. Um irmão e um empregado de Marlon também
enfrentarão o tribunal do júri. Os pistoleiros que fizeram parte da chacina não
foram identificados.
Marlon
Pidde, acusado de ser o mandante do crime, passou 20 anos foragido. Ele foi preso
pela Polícia Federal no final de 2006. Na época, estava residindo em São Paulo
e usava nome falso. O fazendeiro passou apenas 4 anos e 8 meses preso. Em
Agosto de 2011, o STJ mandou soltar Marlon alegando demora em excesso da
Justiça paraense em levá-lo a julgamento.
De
1985 até 2006, o processo permaneceu no fórum de Marabá. Logo após sua prisão, em junho de 2007, os
advogados da CPT e da SPDDH, que atuam na assistência da acusação, em conjunto com
o Ministério Público, ingressaram com pedido de desaforamento do julgamento
para a comarca da Capital. No entanto, o Tribunal só julgou o pedido no dia 08
de fevereiro de 2010. Em seguida, a
defesa de Marlon interpôs os recursos Especial e Extraordinário contra a
decisão do Tribunal que desaforou o julgamento para Belém.
No
segundo semestre do ano passado, o Ministério Público, tomou conhecimento de
que o Fazendeiro Marlon encontrava-se na sede da Polícia Federal do Estado de
São Paulo tentando tirar seu passaporte. O acusado pretendia empreender fuga do
Brasil. Atendendo ao Pedido do MP, o juiz da primeira vara do tribunal do júri
da capital decretou de imediato sua prisão preventiva. Mas, meses após, o mesmo
juiz mandou colocá-lo novamente em liberdade, atendendo pedido da defesa de
Marlon.
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