O Movimento
Munduruku Ipereg Ayu, principal organização de representação e resistência dos
indígenas Munduruku da bacia do Tapajós, divulgou ontem um documento sobre a
situação de tensão que tem acirrado os conflitos na região. Na quarta,14, cerca
de 500 garimpeiros, comerciantes e membros do Poder Público de Jacareacanga
(PA) atacaram 20 Munduruku do movimento com rojões e bombas de gás, em
retaliação às manifestações pela recontratação de 70 professores indígenas
demitidos pela prefeitura em fevereiro passado.
Acionado, o
Ministério Público Federal (MPF) enviou ofícios à Delegacia da Polícia Federal
em Santarém e ao Comando Geral da Polícia Militar, em Belém, solicitando
atenção para situação de tensão em Jacareacanga. No documento, além de
conclamarem as autoridades para investigar os ataques contra 20 de seus
membros, os integrantes do movimento Ipereg Ayu divulgaram a decisão da
assembleia geral Munduruku de extinguir a Associação Pusuru, antiga
representação dos indígenas, em função do que consideram uma série de desvios
de conduta, citando inclusive a polêmica tentativa de acordo com a
multinacional Celestial Green, para venda de créditos de Carbono em 2012.
Josias
Munduruku, chefe dos guerreiros, negou a acusação de que os indígenas atearam
fogo à casa de apoio dos professores, como divulgado ontem pela polícia. “Isso
não é os guerreiros que fizeram não, isso é armação de gente do poder
local. Os guerreiros não fariam uma
coisa dessas. Pra que queimar a casa dos professores? Não faz nenhum sentido”,
afirmou. “A luta do
movimento Ipereg Ayu não é contra a população de Jacareacanga. Todas as nossas
manifestações são para garantir os direitos dos povos indígenas e da
humanidade. Todos sabem que somos contra os grandes projetos de morte do
governo para a Amazônia, e não negociamos os nossos direitos”. Diz a nota
frisando que
Reivindicação indígena é para recontratação
imediata dos 70 professores indígenas que foram demitidos de forma arbitrária,
deixando crianças sem aulas em inúmeras aldeias. “Exigimos que as autoridades
brasileiras investiguem os últimos acontecimentos que ocorreram em Jacareacanga
contra os povos indígenas, e responsabilizamos o governo brasileiro por
qualquer tragédia que ocorrer”. Encerrou a nota.
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