Audiência contou com a presença de representantes dos hospitais da rede pública e dos órgãos fiscalizadores.
O Ministério
Público de Santarém promoveu no Espaço Teatro Vitória, audiência pública com o
tema “Centralização da Gestão Pública Hospitalar no Pólo Santarém”. A
audiência, presidida pelo promotor de justiça Tulio Chaves Novaes, da
promotoria de justiça de Direitos Constitucionais para a Saúde e Educação,
contou com a presença de representantes dos hospitais da rede pública e dos
órgãos fiscalizadores.
Além do
representante do MPE, a mesa foi composta pelo Ministério Público do Trabalho,
representado pelos procuradores Alan Bruno e Mariana Almeida, pelo
representante da Associação dos Membros do MP do Pará (AMPEP), promotor de
justiça Manoel Murrieta, pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seção
Santarém, Ubirajara Bentes, e pela presidente do Conselho Municipal de Saúde,
Conceição Menezes.
O promotor
de justiça Tulio Novaes explicou o objetivo da audiência, de colher informações
para subsidiar os procedimentos instaurados na promotoria para apurar fatos
referentes à gestão dos serviços públicos de saúde no município, principalmente
nos dois maiores centros de atendimento, o Hospital Municipal e o Hospital Regional
do Baixo Amazonas (HRBA).
O MP
identificou que as prestações de serviço de saúde são feitos de forma indireta,
por meio de empresas prestadoras de serviços contratadas. Esse tipo de
contratação gera efeitos negativos, como a evasão de direitos trabalhistas
individuais, e a falta de transparência na forma como os recursos são
repassados às empresas e aos profissionais.
A
representante do MP do Trabalho, procuradora Mariana Almeida, afirmou a posição
do MP no sentido contrário à contratação por pessoa jurídica com a finalidade
de burlar a legislação trabalhista, ressaltando a preocupação com a prestação
do serviço, com profissionais submetidos a extensas cargas de trabalho. O
procurador Alan Bruno citou exemplos de outros estados, como o Tocantins, onde
houve decisão judicial favorável à desconstituição de pessoa jurídica.
Os
representantes do HRBA, Hebert Moreschi, e a secretária municipal de Saúde,
Valdenira Cunha, prestaram informações e responderam questionamentos da mesa
acerca da gestão dos hospitais, sobre gastos, forma de contratação e outros.
Outro problema citado pelos gestores é o fato de Santarém receber pacientes de
outros municípios sem o correto encaminhamento, havendo necessidade de incluir
os prefeitos do pólo nessa discussão.
O presidente
do Sindicato dos Médicos do Pará, Waldir Cardoso, afirmou da preocupação com os
mais de 200 médicos que atuam em Santarém, e de como essa força de trabalho
está sendo tratada, posicionando-se de forma contrária às contratações via
Organizações de Saúde (OS), da forma como ocorre no HRBA, gerido pela OS
Pró-Saúde.
Os cidadãos
que se manifestaram na audiência reclamaram sobre a demora nos atendimentos,
dificuldades de marcação de consultas e cirurgias, além de maus-tratos pelos
profissionais da rede. Os casos de denúncias, como o de uma jovem com problemas
dermatológicos que não consegue consulta e o descaso no tratamento de uma
parturiente que levou à morte de uma criança no ventre, foram anotados em
fichas de atendimento e repassados à secretaria de saúde.
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