Pedro
Antônio Pereira deixou lixo tóxico abandonado a céu aberto na zona rural do
município.
O
juiz Acrísio Tarja Figueiredo, titular da Comarca de Ulianópolis, no sudeste
paraense, a pedido da promotora de justiça Maria Gadelha, decretou esta semana
a prisão preventiva do empresário Pedro Antônio Pereira da Silva, gerente da
empresa Uspam – Usina de Passivos Ambientais, que depositou toneladas de
resíduos tóxicos na zona rural de Ulianópolis, em meados do ano 2000. O lixo
tóxico é oriundo de várias empresas nacionais e multinacionais e deveriam ter
sido incinerados pela empresa. No entanto, o material foi depositado no
município a céu aberto, tendo provocado mortes de pessoas e causado sérios
danos ambientais na região. Logo após a notícia da morte de uma funcionário da
empresa, o gerente Pedro Pereira da Silva fugiu de Ulianópolis, deixando o
material tóxico armazenado na área.
Em
meados de 2004, o Ministério Público do Estado (MPE) ofereceu denúncia contra a
Uspam e pediu à Justiça a decretação da prisão preventiva do seu representante
legal, o comerciante paulista Pedro Antônio Pereira da Silva. Consta no
inquérito policial que entre 2000 e 2002, a Uspam foi a responsável, em Ulianópolis,
por poluição em níveis capazes de causar danos à saúde humana e destruição
significativa da flora, por meio de lançamento de resíduos sólidos, líquidos,
gasosos e substâncias oleosas em desacordo com as exigências legais e
normativas.
Pedro
Antônio é acusado de falsificar documentos particulares, emitindo certificados
de destinação final de passivos ambientais a inúmeras empresas, obtendo
vantagem ilícita, uma vez que o lixo jamais foi incinerado. O inquérito
policial ressalta ainda que a empresa denunciada possui atividade voltada à
incineração de lixo químico proveniente de empresas de várias regiões do País.
Deveria, portanto, dar destinação final adequada a passivos ambientais classe
I: perigosos; classe II: não-inertes; e classe III, processando-os de forma a
gerar produtos nobres e subprodutos a serem utilizados por terceiros, devendo
ser incinerados os não-passíveis de utilização, cujas cinzas deveriam ser
inertizadas e dispostas em aterros apropriados.
Apesar
de obter as licenças da Sema, sempre condicionadas ao cumprimento das
exigências legais com prazos determinados e exíguos, a Uspam jamais cumpriu
tais compromissos. As atividades da empresa começaram a incomodar o município
de Ulianópolis a partir do momento em que a população tomou conhecimento de que
resíduos tóxicos e poluentes estariam sendo manipulados de forma inadequada,
especulando-se até mesmo sobre as atividades da empresa terem provocado a morte
do funcionário Manoel Benedito dos Santos, em setembro de 2001, em
circunstâncias nunca explicadas. Paralelo à morte do funcionário, um mal sem
diagnóstico acometeu o jovem Hugo Isidório Della Meã, morador da região, o que
veio a acentuar as desconfianças sobre as atividades da CBB. A safra de grãos
da região diminuiu e houve grande mortandade de peixes no rio Gurupizinho.
O
lixo tóxico vem de empresas como a Esso, Texaco, Philips, Shell, Panasonic,
Pepsi-cola, Petrobrás, Basf e Pirelli. A
preocupação do Ministério Público atenta para o fato da área afetada não estar
isolada, sendo que os moradores da cidade continuam tendo livre acesso aos
locais onde estão depositados o lixo tóxico. Dentre as cinco mil toneladas de
produtos tóxicos espalhadas na Uspam estão cerca de 48 toneladas de cianeto de
potássio. Também de natureza altamente perigosa, há na usina cerca de 800 mil
litros de Dicloroanilina, ou 2.3. D.C.A, que pode matar o ser humano em apenas
duas horas após o contato.
Em
casos de inalação, ingestão ou contato com a pele, a consequência pode ser
fatal. Existe também em uma das baias do interior da usina um lote inteiro de
AZT, usado no combate ao vírus da Aids. Na área que fica o incinerador, onde
eram queimados parte do lixo químico, está repleto de tambores com substâncias
tóxicas como derivados alifáticos de álcool, percloretileno e chumbo, quase
todos abertos, expostos a ação do sol e da chuva. Alguns recipientes ainda
estão com o lacre informando que os produtos são de natureza perigosa. Também
foram encontradas espalhados pelo chão e dentro de sacos rasgados, embalagens
de produtos como Diazitop PM e sprays SBB, além de substâncias oleosas no solo.
Existem
também pilhas de tambores contendo Dicloranilina, cianeto de potássio, Cloreto
de Metileno, metanol, tambores totalmente corroídos pelos resíduos industriais,
caulim contaminado, embalagens de biócida, chumbo, fenol sólido em forma de
placa refugada de eletro-eletrônicos, lâmpadas fluorescente, tanques de
combustível contaminado, quartenário de amônio, barra de tinta, aparas de
fenolite, entre vários outros.
Preocupada
com o alto nível de degradação ambiental, a Procuradoria Geral do Etado (PGE)
elaborou um relatório responsabilizar as empresas pelo dano ambiental e exigir
o pagamento de indenizações ao município, Estado e aos que foram contaminados
pelos resíduos tóxicos, que, até hoje, permanecem a céu aberto dentro do
terreno da Uspam. Atualmente, tramitam na comarca do município várias ações
contra a empresa e seus diretores.
A
PGE também investiga quais as razões que levaram diretores da antiga Secretaria
Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam) a autorizar a entrada
dos resíduos em território paraense, uma vez que a Lei Ambiental em vigor
proíbe o transporte de resíduos dentro do Estado.
Algumas
empresas já retiram resíduos do pátio da Uspam através de autorização judicial.
No entanto, as retiradas foram feitas de forma precária. Quando emitiu as
autorizações de retirada, a Sema, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, não
enviou ao local nenhum técnico para atestar se os produtos estavam sendo
retirados e de que forma foram transportados.
Em
uma das retiradas, vários tambores foram levados num caminhão comum, sem lona,
para o município de Belford Roxo (RJ). Atualmente, a Sema não tem como atestar
sequer se o caminhão chegou ao seu destino final, porque não houve
fiscalização. Uma parte dos resíduos foi transportada para Ananindeua, na
Região Metropolitana de Belém.
Arrumaram um bode expiatório. Pronto, o problema está resolvido! Ulianópolis foi salva com esta atitude do judiciário. O problema persiste é só visitar a área. A prisão preventiva não será efetivada e, mesmo que for qual o resultado prático deste ato?? É uma decisão questionavel. Se o resíduo entrou no Estado foi com a autorização da SEMA. A mesma SEMA que autorizou o funcionamento desta usina de porcaria em Ulianópolis. E da SEMA, quantos terão a prisão preventiva decretada?? Os nomes dos incompetentes são conhecidos dentro do órgão, ainda estão presentes no serviço público, recebendo seus salários e autorizando o funcionamento no Estado de uma série de empresas, de ramo de atividade diverso. Será que mudaram seus conceitos ou se tornaram mais competentes neste período? A PGE têm ciência dos nomes. E ai, retomando o assunto, a terra vai continuar contaminada??? Quando o judiciário vai agir contundentemente de modo a convocar as empresas para pagarem pelo crime que cometeram e limparem a área???
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