Cerca de
60 índios de diversas etnias, como Parakanã, Xipaia, Curuaia e Assurini,
invadiram na manhã de ontem o escritório da Norte Energia, empresa responsável
pela construção e operação de Belo Monte, em Altamira, no oeste do Pará. Os
indígenas chegaram em caminhonetes, armados com flechas e bordunas, arma
indígena semelhante a uma clava. Uma parte dos manifestantes ocupou a sala
principal do escritório, enquanto o restante ficou na parte externa do prédio.
As lideranças indígenas cobram o cumprimento das condicionantes para mais de 30
Aldeias das rotas: Xingu e Iriri.
Entre as
reivindicações eles exigem a construção de postos de saúde, medicamentos, água
potável e a construção de escolas. “Essas
são as mesmas reivindicações de sempre. No ano passado a gente já ocupou os
canteiros cobrando isso e a empresa se comprometeu em resolver todos os
problemas, mas isso não aconteceu. Agora caso ela não resolva nós vamos invadir
de novo os canteiros e sem prazo pra sair”, disse Leo Xipaia, liderança
indígena.
Os índios
afirmaram ter medo da conclusão das obras da hidrelétrica que já passam de 40%
de trabalhos já concluídos e em contrapartida da demora na execução das
condicionantes nas comunidades indígenas diretamente impactadas pela
barragem. “A gente tem medo sim.
Nas nossas aldeias tudo está devagar, o nosso povo não tem água potável, falta
remédio nos postos e ainda gente pra atender nossas mulheres, crianças e
idosos. Eles vão ter que cumprir o que diz o PBA (Plano
Básico Ambiental)”, concluiu Leo Xipaia.
Apesar do
clima tenso a manifestação é pacífica. Por questão de segurança os funcionários
da empresa foram liberados. Uma equipe da Casa de Governo chegou ontem no local
para acompanhar as negociações. A empresa Norte Energia ainda não se manifestou
sobre a ocupação do prédio.
A usina
hidrelétrica Belo Monte está sendo construída no rio Xingu, no sudoeste do
Pará. O empreendimento tem oposição de ambientalistas e do Ministério Público
Federal, que acredita que a obra irá trazer consequências irreversíveis para o
ecossistema da região, trazendo impactos negativos para as comunidades
tradicionais que vivem próximas ao local da barragem.
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