Segundo informações da Polícia Civil, o padrasto da
criança, Raimundo Nonato de Sousa, acordou, por volta das 02h da madrugada de
domingo ao ouvir ruídos dentro da casa. “Ele relatou que foi até o quarto da
menina e percebeu que havia alguém lá, só que a pessoa estava armada de uma
faca e ele não tinha certeza do que estava acontecendo.
Neste caso, houve uma prática de omissão e, por isso, decidimos
pela detenção do padrasto para averiguação”, disse o delegado José Dias
Bezerra, que preside o inquérito.
Perseguição
e Prisão – As investigações em torno do assassinato da pequena Camila
Sousa foram iniciadas de imediato, sob a coordenação do major Osvaldo Lourinho
Junior, comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Policiais do
Serviço Reservado montaram uma operação, a partir de alguns indícios, tais como
um jovem que morava em frente à casa da menina ter sido visto por seguidas vezes
rondando a residência da família da menor.
Os policiais foram até os irmãos do adolescente e tomaram
conhecimento de que estavam ingerindo bebida alcoólica juntos, quando, em dado
momento, o menor, identificado pelo apelido “Zequi”, de 14 anos, retirou-se do
local. Os irmãos disseram que “Zequi” saiu do local com uma faca na cintura e
só retornou quase às 03h. Esse foi um detalhe importante.
No quarto, onde foi encontrado o corpo da criança, também
estava uma faca, que, logo depois, foi reconhecida pelos irmãos de “Zequi”,
que, a partir dali, já era o principal suspeito. A arma foi encaminhada para
perícia. Também foi informado de que o adolescente planejava ir para a
comunidade de Pantanal de Areia, zona rural de Itaituba, onde os irmãos pretendiam
fazer um trabalho.
Com esses dados em mãos, dois policiais militares
disfarçados iniciaram as buscas e, por volta das 21h de domingo, o adolescente
foi localizado, escondido em um barraco. Para chegar até o barraco, os
policiais tiveram muito trabalho, já que o local é de difícil acesso. Ao ser
abordado, o acusado não reagiu e se entregou.
Logo depois, confessou
para a polícia que havia assassinado a criança. “Eu fui lá por causa da menina
mesmo, mas não pra matar”, disse o adolescente. “Quando cheguei, a primeira que
eu vi foi a menor, mas, depois, eu vi a Camila e ‘fiz’”, complementou.
Com riqueza de detalhes, o delinquente confessou que
dominou a criança, enquanto forçava a outra a não esboçar nenhum ruído. Ele
usou a camisa para tampar a boca da vítima, que morreu vítima de asfixia.
“Zequi” também confessou, friamente, que abusou sexualmente da criança, quando
esta já estava sem vida.
Percebendo que havia matado a criança, o indivíduo fugiu
pela janela do quarto. À polícia, o delinquente confessou que o interesse dele
era, de fato, por satisfazer-se sexualmente com a menina de oito anos. E, ao deparar
com a irmãzinha dela, de quatro anos, chegou a cortar a calcinha da criança, mas,
em seguida, viu a outra e partiu em sua direção. Quanto ao padrasto, ele reconheceu
que o homem chegou a vê-lo, mas nada fez. “Ele ficou me olhando por um
tempinho, depois saiu. Só depois foi que ele chamou a mãe da menina”, disse
“Zequi”.
O crime chocou até mesmo os policiais, que também se
esforçaram em manter a detenção do adolescente em sigilo, até por uma questão
de resguardar a integridade do acusado, que poderia ser vítima da fúria
popular. Dominado, o adolescente confessou por várias vezes; disse que estava
bebendo com os irmãos quando decidiu ir até a casa da criança, que já vinha
observando há alguns dias.
Com a confissão oficializada, os policiais fizeram a
apresentação, em uma pronta resposta depois de uma cuidadosa e cansativa
investigação. Para a polícia, já não há dúvidas quanto à autoria do
assassinato. O padrasto, que teria visto a cena, mas não se preocupou em evitar
o pior, foi chamado para depor, e será enquadrado por omissão.
Quanto ao menor, após confessar, ele foi submetido a
procedimento especial acompanhado pelo Conselho Tutelar, que também que o
padrasto fosse responsabilizado. De acordo com o procedimento, será solicitada
a transferência do acusado para Santarém, onde ele será recolhido à casa de
custódia e submetido a medidas socioeducativas, conforme prevê o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA).
O sepultamento da criança aconteceu na manhã de ontem,
sob manifestações de protesto, comoção e dor de familiares e amigos.
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