Roberto Amaral disse que ainda consultará governadores sobre o assunto.
Outros dirigentes do partido querem Marina e já buscam nome para vice.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, declarou na madrugada deste sábado
(16) que uma decisão definitiva sobre o rumo que o partido irá tomar
nas eleições deste ano será anunciada somente na próxima quarta-feira
(20). Após uma reunião de mais de quatro horas com cerca de 20
dirigentes da legenda, ele ressaltou que ainda há três opções: lançar Marina Silva candidata, lançar outro nome do partido ou mesmo não lançar novo candidato à Presidência.O encontro do PSB para anunciar a decisão foi marcado para as 15h do dia 20, na sede do partido em Brasília.
Amaral afirmou que haverá outras consultas antes da decisão final. Na segunda-feira (18), ele mesmo fará uma reunião com Marina e, na terça (19), vai se encontrar com governadores do partido para discutir o assunto. "Eu tenho certeza que eu vou abrir a reunião de quarta-feira apresentando uma proposta consensual", afirmou.
Desde a morte de Eduardo Campos na última quarta (13), outras lideranças do partido e da coligação Unidos Pelo Brasil têm manifestado o desejo de que Marina seja a substituta. Antes mesmo da reunião entre caciques do PSB, que virou a madrugada num hotel em São Paulo, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) defendeu publicamente essa opção. "A candidatura é da Marina, não tem o que discutir. Quem vai ser o vice, isso vai ser [anunciado] posteriormente ao sepultamento", disse.
Amaral, no entanto, adotou tom mais cauteloso e, em outro momento da entrevista concedida a jornalistas, disse que "a solução não será necessariamente de consenso". "Não precisa ser de consenso. A solução, seja ela qual for, será cumprida por todo o partido. A nossa tradição é de muita discussão antes e unidade na execução", emendou em seguida.
O presidente do PSB também negou que tenha recebido de Marina um aval para consultar os dirigentes do partido sobre sua candidatura. "Ela me disse que não deu nenhuma declaração. Qualquer outra fonte é falsa", afirmou.
Antes de ir para a reunião com o PSB, Amaral esteve com Marina em seu apartamento em São Paulo. Disse que não conversou com ela sobre questões políticas. "Eu não conversei com a Marina sobre isso. Além de ter uma formação religiosa, ela é uma pessoa muito ética. Eu sei que ela teria dificuldade com relação a discutir isso".
Desde a morte de Campos, Marina não se pronunciou publicamente sobre a disputa eleitoral. No dia do acidente, falou somente sobre a perda do companheiro de chapa. Caso o PSB opte por lançá-la candidata, a decisão deverá ser comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral até o dia 23 de agosto.
Escolha do vice
Defensores da candidatura de Marina, no entanto, já discutem sobre um candidato a vice, caso ela seja confirmada como candidata a presidente. Segundo apurou o G1, esses integrantes buscam um nome que tenha fortes ligações com Campos e que desfrute da extrema confiança da cúpula. Um integrante do diretório nacional que não quis se identificar disse que esses dois critérios deixam poucas opções para a vaga.
Se decidir apoiar a candidatura de Marina, a cúpula do PSB pretende, antes de chancelá-la como substituta de Campos, obter dela o compromissso de adiar, ao menos temporariamente, o projeto de criar o partido Rede Sustentabilidade.
Ela pretendia disputar a Presidência da República pela Rede, mas não conseguiu, no ano passado, obter o registro da legenda na Justiça Eleitoral. Por isso, após acordo com Eduardo Campos, integrantes da Rede ingressaram no PSB para poder concorrer na eleição deste ano.
Dirigentes do PSB avaliam que a sigla se tornaria coadjuvante na sua própria candidatura se a ex-senadora mantiver, em meio ao processo eleitoral, o discurso de que criará sua própria legenda.
O PSB também pretende solicitar a Marina que ela assuma na campanha eleitoral as propostas e prioridades defendidas até então por Eduardo Campos. "Marina nos representa, mas tem outras prioridades", ponderou um integrante do diretório nacional.
No início da noite desta sexta, a Rede divulgou nota em que diz que "reitera sua disposição em manter respeitoso silêncio sobre quaisquer questões eleitorais neste momento de luto pela morte do ex-governador e candidato à presidência Eduardo Campos".
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