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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

MILITAR DIZ QUE CURIÓ É A CHAVE PARA ESCLARECER MORTES NO ARAGUAIA

Um dos militares já ouvidos pela Comissão Nacional da Verdade,ex- sargento  do Exército João Santa Cruz, declarou que a “chave” para esclarecer o destino dos corpos de guerrilheiros e populares mortos pela repressão da região do “Bico do Papagaio”  é o major Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, “pois ele tinha acesso a tudo”.

O secretário executivo da comissão, André Saboia,  ao reproduzir algumas declarações do ex-sargento,  disse que este reconhece que os parentes das vítimas têm direito de saber o que de fato aconteceu e de resgatar os corpos dos desaparecidos para sepultá-los.

Na avaliação de Cruz, se Curió revelasse tudo o que sabe, haveria suspensão das buscas pelos corpos na região, “poupando recursos das próprias Forças Armadas.”

Em    audiência pública na Comissão Nacional da Verdade (CNV), ocorrida nesta terça-feira, 12, crimes contra os direitos humanos atribuídos a agentes do Estado que atuaram na repressão à Guerrilha do Araguaia voltaram a ser discutidos.

O movimento, que atuou na década de 70, tinha o objetivo de enfrentar e derrubar o regime militar instalado no país após o golpe de 1964.
A  comissão ouviu  dois ex-militantes que foram presos e torturados, a parente de um desaparecido e uma advogada que falou  sobre as implicações da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que, em 2010, segundo a qual graves violações aos direitos humanos não podem ser anistiadas.

Quatro militares acusados de participar de crimes como prisões ilegais, tortura, assassinato e ocultação de cadáver foram convocados a prestar depoimentos, entre eles Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió.

Nenhum dos quatro compareceu à audiência pública, aberta à imprensa e a outros interessados.
Considerado um dos episódios mais violentos registrados durante o último período de ditadura militar (1964-1985), o combate aos integrantes do PCdoB que aderiram à guerrilha armada e lutaram contra o regime resultou, segundo a comissão, no desaparecimento de 70 militantes e moradores da região e na morte de oito militares em circunstâncias nem sempre devidamente esclarecidas.

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