Nos últimos dez anos foram registrados 1.136
acidentes aéreos, o que corresponde a média de 144 por ano, cerca de um a
cada três dias.
A tragédia que vitimou o candidato à Presidência da
República Eduardo Campos e mais seis pessoas no litoral de São Paulo, na
última semana, deflagrou uma preocupante realidade no País: a
insegurança no espaço aéreo brasileiro. Segundo dados do Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), nos últimos
dez anos foram registrados 1.136 acidentes aéreos, o que corresponde a
média de 144 por ano, cerca de um a cada três dias. Só no ano passado,
foram 164.
Quase 15% destes acidentes civis com aeronaves foram
registrados na região amazônica, com destaque para o território
paraense. Na última década foram 157 sinistros, sendo 73 no Pará
(46,5%). O levantamento revela ainda que no último ano, os casos se
tornaram mais constantes. Os dados consolidados mostram 17 acidentes
aéreos espalhados pelos sete estados nortistas, com oito registros no
Pará (47%).
E a tendência é que esses números sejam ainda maiores
esse ano. Dados preliminares do Cenipa, apontam que, só no primeiro
semestre de 2014, o total de acidentes no Estado já se aproxima da marca
registrada durante todo o ano passado. Foram seis casos registrados,
indicando uma média de, pelo menos, um acidente por mês no Pará. Em toda
a Amazônia já são 13 casos – 2,16 por mês – ante 17 dos 12 meses de
2013.
E esses números podem ser ainda maiores. O Cenipa
explica que esses números de sinistros no Pará em 2014 são estimados,
porque ainda não foram consolidados. Por essa razão, inclusive, o órgão
não quis divulgar os dados nacionais atuais. A preocupação é de não
causar alarde com números não oficiais. No entanto, toda a repercussão
em torno da colisão do avião que transportava o ex-governador Eduardo
Campos e sua equipe de campanha, tem deflagrado diversas posições de
especialistas em investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, a
estimarem a média de um pouco mais de um acidente por dia no País esse
ano.
A falta de segurança de voos na Amazônia, sobretudo
no Pará, se intensificou, coincidentemente ou não, após o fechamento do
posto de fiscalização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de
Belém. Segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa), desde março de 2011, quando foi confirmada a
extinção do escritório, foram registrados 26 acidentes civis com
aeronaves no Estado (sem considerar os seis casos de 2014). O número de
quedas, que já era alto, registrou um aumento de 14,3% na comparação com
o mesmo período antes do fechamento do posto. No geral, foram nove
acidentes aéreos em 2011, sendo sete deles após a Anac fechar o
escritório; dez, em 2012; e oito, em 2013.
Os números correspondem a mais de 6% de todos os
registros de acidentes aéreos indicados no País desde março de 2011. De
acordo com o levantamento do Cenipa, ao longo desse período, as quedas
de aeronaves que se concentravam nas regiões sudeste e sudoeste do
Estado, passaram a ocorrer por todas partes. O maior destaque fica por
conta do aumento de acidentes na Região Metropolitana de Belém, que
passou de um registro entre 2008 e 2011, para sete casos nos últimos
três anos (aumento de 600%), sendo seis deles em Belém.
O encerramento das atividades do escritório de
fiscalização física da capital paraense foi justificado na época por uma
estratégia de centralizar as operações da agência nas unidades de São
Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, no intuito de enxugar os custos
administrativos. Com a decisão, 24 postos de serviços foram extintos,
incluídos, todos os da região Norte.
Questionado sobre a determinação na época, o diretor
de Aeronavegabilidade da Anac, Cláudio Passos Simão, foi ao Senado
Federal explicar que, junto com a criação da Anac, foi promulgada a Lei
1.182/2005, que determinava que o efetivo militar da Aeronáutica, cedido
para a agência civil, fosse devolvido até o março daquele ano.
“A Anac não têm servidores para substituir esses
militares que foram devolvidos. Do efetivo de 74,5 mil homens da
Aeronáutica disponíveis no início das operações, hoje o quadro está
reduzido a 2 mil homens, apenas. A forma antiga de fiscalização e
controle é inviável atualmente”, disse.
A associação entre o aumento de acidentes registrados
no Pará e em todo o território amazônico com a substituição do
Escritório de Aviação Civil pelo Núcleo Regional de Aviação Civil
(Nurac/Anac) já foi questionada através de nota oficial pela assessoria
de comunicação da Anac. A agência de fiscalização afirma que o Nurac de
Belém está localizado no Aeroporto Val de Cans, do qual dizem “conta com
uma estrutura voltada para a fiscalização e aplicação de provas”.
A agência também rebate que o número de funcionários
tenha reduzido em razão da promulgação da Lei 1.182/2005. “Sobre a
atuação da Agência, é importante frisar que a segurança é a prioridade
da Anac e a fiscalização vai além das ações observadas nos saguões dos
aeroportos. A fiscalização da Agência é contínua e ocorre de forma
programada, não programada e sempre que há denúncia. Para aprimoramento
das ações de fiscalização e alcance de melhores índices de segurança
operacional, a Anac iniciou um novo modelo de administração
descentralizada, implantada com a alteração do regimento interno da
Agência, instituída por meio da Resolução n°245 em setembro de 2012,
que, dentre outras medidas, criou a Gerência de Geral de Ação Fiscal
(GGAF)”, completa a nota.
Fonte: ORMNews
Nenhum comentário:
Postar um comentário