O Governo Federal pretende leiloar este ano mais um
modelo de usina elétrica: A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, em Itaituba,
no oeste do Pará, que vai inaugurar o conceito de usina-plataforma. Inspirada
na exploração de petróleo em alto mar, a ideia é evitar o desenvolvimento das
cidades em seu entorno e reduzir o desmatamento.
A previsão é que o estudo e o relatório de impacto
ambiental sejam entregues até março para o Ibama, afirma Márcio Zimmermann,
secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia e idealizador do
conceito. Apenas após a concessão da licença é possível realizar a licitação.
"É um grande desafio porque é uma usina estruturante, uma grande usina,
com todas as dificuldades características", disse o presidente da EPE
(Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, em novembro.
Com capacidade instalada de 6.133 megawatts, é a primeira
dentro de cinco projetadas para a região. A energia gerada seria suficiente
para atender a aproximadamente 5,4 milhões de residências. A intenção é
reflorestar a região com espécies nativas depois da construção, etapa em que há
maior impacto ambiental, diz Zimmermann. O funcionamento também será diferente:
por regime de turno de trabalho, a exemplo do que ocorre nas plataformas de
petróleo. Além disso, é previsto que a usina tenha alto nível de automação,
reduzindo o número de funcionários. "Uma opção é operar à distância e
deixar uma equipe reduzida, de 10 a 15 pessoas", diz o secretário.
De acordo com o Grupo de Estudos Tapajós, -formado por
empresas como Camargo Corrêa, GDF Suez e Eletrobras, entre outras-, o
transporte será feito por estradas já existentes e pelo próprio rio, quando
possível, ou por por helicóptero. Entre as críticas ao modelo, está a falta de
detalhes técnicos. Para Célio Bermann, professor associado do Instituto de
Energia e Ambiente da USP, se for necessário deslocamento por via aérea e
fluvial, haverá altos custos. "A ausência de mais detalhes sobre custos e
logística acaba por transformar o conceito em mera propaganda."
Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia
da UFRJ, também vê o custo de movimentação de materiais durante a construção
como um impeditivo para a adoção do modelo.
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