Em comemoração aos 10 anos de Fundação, O Movimento Humanos
Direitos (MHuD), irá entregar, no dia 09 de dezembro, no Rio de Janeiro, o
prêmio João Canuto a várias personalidades que se destacam na luta contra
desigualdades. Dentre os agraciados está o bispo Dom Erwin Krautler, da
prelazia do Xingu. O Juiz do Trabalho Jonatas Andrade e a sindicalista Antonia
Melo, ambos com grande atuação no interior do Pará, também receberão a
honraria. O MHuD reúne atores, diretores de TV, músicos, cineastas, escritores
e fotógrafos, entre outros artistas. Eles produzem campanhas (com vídeos e
impressos) alertando para a existência de trabalho escravo, urbano e rural.
Veículos de comunicação e associações profissionais também participam das
campanhas do Movimento Humanos Direitos. A atriz paraense Dira Paes é a
diretora geral do movimento.
Considerado
uma grande liderança, por ter uma história de vida marcada por lutas em favor de causas
sociais e ambientais na Amazônia, o bispo da prelazia do Xingu, dom Erwin
Kräutler, recebeu recentemente da Universidade Federal do Pará (UFPA) a maior
honraria existente no meio acadêmico: o título de doutor honoris causa. A
solenidade de entrega do diploma ao bispo foi realizada em março deste ano, no
auditório do Sesi, no município de Altamira.
Professores, alunos, autoridades municipais e religiosas acompanharam as
homenagens a dom Erwin.
O diploma foi entregue pelo reitor da UFPA, Carlos Maneschy, que
destacou o significado da homenagem ao bispo. “Dom Erwin é um doutor no sentido
mais pleno da palavra. Doctor, aquele que excede em competência e talento
aquilo que faz e causa. E a UFPA, por estar intrinsecamente ligada às questões
sociais, à defesa de direitos e à transformação de vidas para melhor, tem esses
valores associados a dom Erwin”.
O título é atribuído à personalidade que se destacou pelo saber ou pela
atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras, da promoção
da paz, de causas humanitárias ou ações de serviço que transcendam família,
pessoas ou instituições, servindo de exemplo para a comunidade acadêmica e para
a sociedade em geral.
A trajetória de luta do bispo foi relembrada por amigos, ex-alunos e
admiradores. Cada um relatou a experiência que teve ao lado de dom Erwin, como
a coordenadora do Campus de Altamira, Maria Ivonete Coutinho. “Eu conheci o
bispo em 1978, quando estudava em um convento e pude acompanhá-lo em várias
visitas às comunidades carentes da região. A partir daí, passei a admirar seu
trabalho”, conta.
Reconhecimento nacional e internacional - A professora Ana Tancredi, do
Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA), apresentou em seu discurso o
histórico de lutas e do reconhecimento nacional e internacional do trabalho de
dom Erwin. “Esta comenda que a UFPA concede a dom Erwin se soma a dezenas de
outros títulos e premiações que ele já recebeu, no Brasil e no exterior, por se
destacar pela defesa dos Direitos Humanos, dos povos indígenas e do meio
ambiente. Isso evidencia o alcance e a importância para a sociedade como bispo
e como cidadão engajado nas causas sociais”.
O procurador da República, Felício Pontes Junior, também destacou as
lutas do bispo em defesa dos direitos dos povos indígenas e da Amazônia. Ele
lembrou a atuação do bispo quando este assumiu o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) e passou a ser um dos mais importantes defensores das causas
indígenas, sobretudo na defesa do território, tão cobiçado por madeireiros,
grileiros e empresas.
Sua atuação à frente do Cimi colaborou para a inclusão dos direitos dos
povos indígenas na Constituição Brasileira em 1988 e para elevar a consciência
dentro da Igreja sobre esses direitos. A atuação do bispo também se fez
presente na luta por melhorias nas condições de vida de moradores da região do Xingu
e contra a construção da barragem de Belo Monte. “Nenhum órgão de Justiça
deixou de ser cobrado por ele. Nunca se deixou intimidar pelas ameaças que
recebeu e, por isso, deixa seu nome marcado na história deste Estado”, disse o
procurador.
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