A
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizou, na
semana passada, audiência pública, sobre o caso dos assassinatos com castração
de 12 crianças na cidade de Altamira, ocorridos entre os anos de 1989 e 1993, e
sobre a possibilidade de dois médicos estarem cumprindo pena por terem sido
condenados injustamente pelos crimes, em um júri realizado na cidade em 2003.
A
audiência foi solicitada pelo deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), que conta
que os médicos Césio Caldas Brandão e Anísio Ferreira de Souza estão cumprindo
pena em regime fechado no Presídio Estadual, em Belém, condenados pela
coautoria nesses crimes.
Segundo o
deputado, “após o anúncio do resultado do júri, deu-se início uma pressão sobre
o Tribunal do Pará. A imprensa investigou e descobriu que houve erros durante o
julgamento e que oficiais de justiça foram envolvidos em atos de suborno".
Lourival Mendes denuncia que "o juiz presidente do júri passou a ser
investigado e sigilos bancários e telefônicos, segundo a imprensa na época,
foram quebrados, indicando a possibilidade de erros no julgamento”.
Além
dessas dúvidas sobre a condução do processo, o deputado conta que o resultado
do julgamento de Altamira foi novamente questionado quando, ainda em 2003, “foi
preso no estado do Maranhão Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, sob a
suspeita de ter emasculado [castrado] e assassinado outro grupo de crianças”.
Além
desses crimes, praticados no Maranhão, recorda o deputado, Francisco das Chagas
“confessou a autoria de outros assassinatos e emasculações” em Altamira, no
Pará, praticados na mesma época dos crimes atribuídos aos dois médicos. Levado
à cidade para a reconstituição dos crimes, Francisco das Chagas, “confirmou e
comprovou ser o autor dos vários homicídios naquela cidade”, tendo levado “os
peritos e policiais aos locais onde foram encontradas as ossadas humanas”, diz
Lourival Mendes.
Os novos
fatos geraram, conta o deputado “novas linhas de investigações sobre os casos
já julgados que podiam, inclusive, levar a conclusões diferentes dos resultados
obtidos no Júri Popular de setembro de 2003”. Os representantes da polícia e do
Judiciário do Maranhão, sustenta o deputado, já manifestaram a certeza de que Francisco
das Chagas é o verdadeiro culpado dos crimes atribuídos aos dois médicos,
durante audiência pública realizada em 2004 pela Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara dos Deputados. "Mas os representantes da polícia e do
Judiciário do estado do Pará não compareceram à audiência", lamentou.
Participaram
da audiência pública, o senador Magno Malta, representando o Senado Federal,
que interrogou o condenado Francisco das Chagas na condição de presidente da
CPI da Pedofilia no Senado; o juiz Luiz Ernane Ferreira Ribeiro Malato,
primeiro responsável pelo caso na Comarca de Altamira; a promotora de Justiça
do Ministério Público do Mato Grosso Lindinalva Rodrigues Dalla Costa; o
delegado da Divisão Especializada do Meio Ambiente da Polícia Civil do Pará,
Waldir Freire Cardoso; a escritora especialista em criminologia Ilana Casoy; o
diretor da Divisão de Investigações e Operações Especiais da Polícia Civil do
Pará, Neyvaldo Costa da Silva e o agente da Polícia Federal João Carlos Amorim
Diniz.
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