Uma médica está sob julgamento no Conselho Regional de Medicina (CRM), acusada de ser responsável pela morte de uma mãe de 18 anos e de seu bebê, no momento do parto. O caso ocorreu em 2012, em uma clínica localizada na Cidade Nova III, em Ananindeua, região metropolitana de Belém.
O julgamento
de Vânia Lúcia Monteiro iniciou na noite de terça-feira (12), na sede do CRM em
Belém. Nesta quarta-feira (13), o CRM informou que o julgamento
ético-profissional iniciou às 20h e durou cerca de duas horas. No entanto, o
Conselho não pode divulgar informações sobre os processos, que estão sob
sigilo.
O caso
ocorreu em 24 de dezembro de 2012. Segundo a denúncia, Ana Carolina Carvalho
Santiago, 18 anos, moradora do bairro do PAAR, no município de Ananindeua,
sentiu contrações e foi até a Clínica Modelo, localizada na Cidade Nova III. A
jovem havia feito todo o pré-natal na Unidade de Referência Materno Infantil,
sem anormalidades nas consultas de rotina.
Ela foi
internada e apresentava sinais de que possivelmente não teria condições de ter
parto normal. Mesmo assim, foi submetida a vários procedimentos, e teve a
barriga empurrada pela médica, na tentativa de forçar o nascimento do bebê.
"Foi um sofrimento psicológico. A médica chamava a minha sobrinha de
frouxa, que ela estava fazendo manha e não queria fazer força para ter o
bebê", diz Lena Santiago, tia de Ana Carolina.
“Ela estava
em trabalho de parto e nós não identificamos se a médica era obstetra ou não
porque estávamos nervosos. A médica tentou o parto normal, mas a bebê não
resistiu”, conta Admarina Carvalho Santiago, mãe da vítima.
Ainda de
acordo com a denúncia, após constatar a morte do bebê, a médica chamou o pai da
criança e pediu que ele a acompanhasse até a Santa Casa de Misericórdia do
Pará, em Belém, junto com a Ana Carolina em carro particular, emprestado de um
servidor do hospital. Ao chegar à maternidade, deixou a jovem aos cuidados da
equipe que estava de plantão. Ana foi atendida na Santa Casa, e encaminhada
para o CTI, com forte hemorragia. Ela perdeu muito sangue e não resistiu. O
atestado de óbito definiu como causa morte: choque hemorrágico, histerectomia
por laceração uterina, e cesariana por óbito fetal intrauterino.
“A médica
diz que não se sente culpada pela morte da minha filha”, diz Admarina. “Nós
esperamos justiça. Isso é muito difícil para mim porque ela era filha única. A
médica continua clinicando. Um dia eu encontrei com ela no posto e sai correndo
porque é muito difícil para mim até hoje”, relata a mãe de Ana.
Médica continua trabalhando
O CRM informou que Vânia Lúcia não teve
registro suspenso e nem cassado, e que continua no exercício da função.
Procurado pelo G1, o advogado Eduardo Siso, que representa o Sindicato dos
Médicos, declarou que não pode se pronunciar a respeito, pois o caso corre em
segredo. Elr informou que na terça-feira (12) ocorreu apenas a primeira parte
do julgamento, e que há previsão de novas datas para que ocorra a próxima
etapa. Segundo Siso, a defesa aguardará o resultado do julgamento e sua
publicação pelo CRM para poder definir sua manifestação.
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