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segunda-feira, 11 de abril de 2016

AGENTES DA INTERPOL CHEGAM A BELÉM PARA COLHER DEPOIMENTOS DE PARENTES DE PARAENSE DESAPARECIDA

Universitária Karina Ailyn Raiol Barbosa, de 20 anos, que saiu do país no dia 5 de abril, sem avisar os pais. De acordo com os parentes, Karina se converteu ao islamismo e teria sido aliciada para sair do Brasil.

Equipes da Interpol e da Polícia Federal de Brasília estão em Belém investigando o desaparecimento da universitária Karina Ailyn Raiol Barbosa, de 20 anos, que saiu do país no dia 5 de abril, sem avisar os pais. De acordo com os parentes, Karina se converteu ao islamismo e teria sido aliciada para sair do Brasil.

Segundo o superintendente da Polícia Federal no Pará, Ildo Gasparetto, os familiares de Karina foram ouvidos pelos investigadores, que trabalham em parceria com a equipe de Belém, e a polícia solicitou acesso às imagens das câmeras de segurança dos aeroportos de Belém e de Guarulhos, em São Paulo, por onde Karina saiu do país. Equipamentos pessoais da universitária, como computadores e anotações, também serão analisados.

“O caso segue sob sigilo e não iremos divulgar informações, para proteger a própria vida da menina”, declarou Gasparetto ao G1 em entrevista via telefone, nesta segunda-feira (11). De acordo com o superindente, o caso ainda está nas investigações preliminares.

 

“Tememos que ela tenha sido forçada a embarcar. Ela não deixaria nossa família assim, sem explicação. Achamos que ela entrou em algum circuito e quando percebeu, foi forçada a ir, sob ameaça até de fazerem alguma coisa conosco. Ela não trabalhava e meu pai não teria dinheiro para pagar passaporte, muito menos viagem para São Paulo e para fora do país. Alguém pagou isso e não sabemos quem e o porquê”, diz a irmã mais velha da universitária, Karen Raiol.

A família informou que colocou a casa à venda para ter recursos e ir em busca de Karina. "Meu pai está desesperado. Minha mãe não quer mais viver. Precisamos saber onde Karina está", lamenta a irmã.

Desaparecimento

 De acordo com a família, Karina saiu de casa às 10h do dia 4 de abril, levando apenas um casaco fino e uma sandália. O último contato com a jovem foi às 13h do dia 4. Karina informou que estava gravando vídeos para um trabalho na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde cursava Jornalismo. Em seguida, o telefone de Karina ficou fora de área. Por volta de 18h, os parentes foram até a universidade, mas não a encontraram.

No aeroporto, a família soube, com auxílio da polícia, que Karina havia tirado passaporte em dezembro de 2015. No dia 5, os parentes descobriram que Karina havia se afastado da universidade. De acordo com a UFPA, a estudante já não frequentava o curso. Apesar de não ter trancado a matrícula, Karina tinha muitas faltas, e no começo de fevereiro deixou de ir à aula.

A Polícia Federal informou que Karina embarcou em um voo para fora do Brasil, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, às 5h14 da terça-feira (5). “Buscamos as escalas e descobrimos que o avião pousou em Marrocos e Istambul”, diz Karen. A polícia, no entanto, não informou o possível destino da estudante, e alegou que aguarda a informação da Interpol.

Isolamento e conversão ao islamismo

 Segundo a família, Karina era uma jovem tímida e caseira. Reclusa, ela não tinha muitos amigos e só costumava sair para ir à aula. De acordo com Karen, no começo da adolescência a irmã sofreu de depressão e vivia isolada. "Ela fez tratamento, tomou remédios, e havia um pré-diagnóstico de esquizofrenia. Passaram até um exame cerebral, mas com o tempo ela melhorou e não fizemos", relata. Em 2014, Karina iniciou um curso de árabe que teria relação com a UFPA. Em seguida, passou a frequentar a mesquita. Em abril de 2015, ela se converteu ao islamismo.

Em nota, a UFPA informou que segundo o professor Saif Mounssif, pesquisador da Faculdade de Engenharia Naval da universidade e integrante do Centro Islâmico Cultural do Pará, a estudante esteve, em 2014, em um curso de língua árabe oferecido pelo Centro e, pouco tempo depois, manifestou o desejo de conversão à religião muçulmana.

O pesquisador, porém, ressalta que o curso de idioma não aborda questões políticas ou religiosas em relação ao Estado Islâmico. Segundo Saif, Karina deixou de frequentar o espaço em novembro de 2015.

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