Equipes da
Interpol e da Polícia Federal de Brasília estão em Belém investigando o
desaparecimento da universitária Karina Ailyn Raiol Barbosa, de 20 anos, que
saiu do país no dia 5 de abril, sem avisar os pais. De acordo com os parentes,
Karina se converteu ao islamismo e teria sido aliciada para sair do Brasil.
Segundo o
superintendente da Polícia Federal no Pará, Ildo Gasparetto, os familiares de
Karina foram ouvidos pelos investigadores, que trabalham em parceria com a
equipe de Belém, e a polícia solicitou acesso às imagens das câmeras de
segurança dos aeroportos de Belém e de Guarulhos, em São Paulo, por onde Karina
saiu do país. Equipamentos pessoais da universitária, como computadores e
anotações, também serão analisados.
“O caso
segue sob sigilo e não iremos divulgar informações, para proteger a própria
vida da menina”, declarou Gasparetto ao G1 em entrevista via telefone, nesta
segunda-feira (11). De acordo com o superindente, o caso ainda está nas
investigações preliminares.
“Tememos que
ela tenha sido forçada a embarcar. Ela não deixaria nossa família assim, sem
explicação. Achamos que ela entrou em algum circuito e quando percebeu, foi
forçada a ir, sob ameaça até de fazerem alguma coisa conosco. Ela não
trabalhava e meu pai não teria dinheiro para pagar passaporte, muito menos
viagem para São Paulo e para fora do país. Alguém pagou isso e não sabemos quem
e o porquê”, diz a irmã mais velha da universitária, Karen Raiol.
A família
informou que colocou a casa à venda para ter recursos e ir em busca de Karina.
"Meu pai está desesperado. Minha mãe não quer mais viver. Precisamos saber
onde Karina está", lamenta a irmã.
Desaparecimento
De acordo com a família, Karina saiu de casa
às 10h do dia 4 de abril, levando apenas um casaco fino e uma sandália. O
último contato com a jovem foi às 13h do dia 4. Karina informou que estava
gravando vídeos para um trabalho na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde
cursava Jornalismo. Em seguida, o telefone de Karina ficou fora de área. Por
volta de 18h, os parentes foram até a universidade, mas não a encontraram.
No
aeroporto, a família soube, com auxílio da polícia, que Karina havia tirado
passaporte em dezembro de 2015. No dia 5, os parentes descobriram que Karina
havia se afastado da universidade. De acordo com a UFPA, a estudante já não
frequentava o curso. Apesar de não ter trancado a matrícula, Karina tinha
muitas faltas, e no começo de fevereiro deixou de ir à aula.
A Polícia
Federal informou que Karina embarcou em um voo para fora do Brasil, no
Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, às 5h14 da terça-feira (5).
“Buscamos as escalas e descobrimos que o avião pousou em Marrocos e Istambul”,
diz Karen. A polícia, no entanto, não informou o possível destino da estudante,
e alegou que aguarda a informação da Interpol.
Isolamento e conversão ao islamismo
Segundo a família, Karina era uma jovem tímida
e caseira. Reclusa, ela não tinha muitos amigos e só costumava sair para ir à
aula. De acordo com Karen, no começo da adolescência a irmã sofreu de depressão
e vivia isolada. "Ela fez tratamento, tomou remédios, e havia um
pré-diagnóstico de esquizofrenia. Passaram até um exame cerebral, mas com o tempo
ela melhorou e não fizemos", relata. Em 2014, Karina iniciou um curso de
árabe que teria relação com a UFPA. Em seguida, passou a frequentar a mesquita.
Em abril de 2015, ela se converteu ao islamismo.
Em nota, a
UFPA informou que segundo o professor Saif Mounssif, pesquisador da Faculdade
de Engenharia Naval da universidade e integrante do Centro Islâmico Cultural do
Pará, a estudante esteve, em 2014, em um curso de língua árabe oferecido pelo
Centro e, pouco tempo depois, manifestou o desejo de conversão à religião
muçulmana.
O
pesquisador, porém, ressalta que o curso de idioma não aborda questões
políticas ou religiosas em relação ao Estado Islâmico. Segundo Saif, Karina
deixou de frequentar o espaço em novembro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário