Para a
Justiça, “a deliberação do Comitê de Compensação Ambiental Federal (CCAF) não
contemplou todas as unidades de conservação afetadas pelo empreendimento” e “há
desproporcionalidade entre os valores destinados ao Parque Nacional de Juruena
e as demais unidades de conservação, sobretudo porque a deliberação
desconsiderou a primazia que deve ser conferida à região impactada”.
Pela
decisão, assinada pela juíza Maria Carolina Valente do Carmo, o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e o Instituto Chico Mendes para Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) terão 180 dias para apresentar um novo plano de
destinação, garantindo que a bacia hidrográfica do Xingu seja o destino das
compensações. A decisão registra que dia 28 de abril é o prazo final para o depósito
dos valores pela Norte Energia, de acordo com um termo de compromisso assinado
com o ICMBio, por isso a urgência em suspender o repasse.
De acordo
com o pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da Procuradoria Geral do
Estado do Pará (PGE), “deverá, em respeito às normas legais aplicáveis e ao
princípio da razoabilidade, priorizar a região impactada pela hidrelétrica e a
bacia hidrográfica do rio Xingu”. A bacia do Xingu tem 11 unidades de
conservação diretamente afetadas pelas obras de Belo Monte e muitas delas em
condição crítica por falta de recursos. O governo do Pará tentou interferir na
decisão do comitê de compensação, mas teve o pedido de participar das reuniões
negado pela Coordenação de Compensação Ambiental Federal do Ibama, que coordena
o comitê.
“Esse desvio
na destinação dos recursos da compensação ambiental é reflexo da invisibilidade
dos grupos ribeirinhos que habitam os rios da região no processo de
licenciamento ambiental e é resultado da omissão do ICMbio em reconhecer que as
Unidades de Conservação do médio Xingu são impactadas por Belo Monte”, diz a
procuradora Thais Santi.
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