A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (7) a Operação Muiraquitã, em Ourilândia do Norte e Redenção, no sul do Pará. A ação tem o objetivo de desarticular um esquema criminoso de garimpo e venda ilegal de ouro extraído do interior da terra indígena Kayapó. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), são extraídos aproximadamente 20 kg de ouro por semana do local, o que representa movimentação mensal de R$ 8 milhões.
Estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 14 de mandados de busca de apreensão e três de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor, expedidos pela Justiça Federal de Redenção, no sul do Pará. Também estão sendo executados mandados nas cidades de Porto Nacional (TO) e São José do Rio Preto (SP).
As investigações sobre a exploração ilegal do ouro iniciaram no final de 2015. Até o momento, ficou demonstrado que os investigados incidiram na prática dos crimes de usurpação de bem da União, extração de recursos minerais sem autorização, diversos outros crimes ambientais, receptação qualificada e associação criminosa. Com a busca e apreensão de documentos, em complemento às declarações dos envolvidos, a Polícia Federal pretende identificar outros participantes do esquema e averiguar a extensão dos danos ambientais causados e a prática do crime de lavagem de capitais pelos comerciantes de ouro, que tinham lucros altíssimos com a atividade.
Garimpo clandestino
A Polícia Federal e a Funai sobrevoaram a área e verificaram que o centro da atividade garimpeira está concentrada no garimpo da Aldeia Turedjan, em Ourilândia. Foram identificadas cerca de 40 pás-carregadeiras, avaliadas em aproximadamente R$ 400 mil cada, posicionadas em diversos pontos de garimpos espalhados pelo local.
De acordo com a PF, a reserva indígena se tornou o destino de centenas de garimpeiros clandestinos atraídos pela expectativa de fortuna rápida. A ambição pelo ouro resultava em conflitos entre os garimpeiros, que disputavam uma mesma área, gerando um clima tenso. Aproximadamente 70 policiais federais participam da Operação Muiraquitã.
As investigações apontaram o envolvimento de indígenas da própria Aldeia Turedjan, que compactuavam e lucravam com a atividade garimpeira clandestina, bem como comerciantes de ouro da região, que atuavam como receptadores do minério extraído ilegalmente, repassando-o para os estados do Tocantins e São Paulo, de onde era distribuído para o resto do país.
Os danos ambientais causados pela atividade clandestina de mineração mais recorrentes são: desvio do curso de rios; desmonte hidráulico, no caso de garimpagem mecânica; aterramento de rios e contaminação do solo, ar e águas através de metais pesados, principalmente o mercúrio. A paisagem de locais onde existem ou já existiram garimpo é modificada por quilômetros, vegetações são extintas e animais fogem ou morrem por causa da contaminação causada.
A extensão dos danos causados está sendo avaliada por peritos federais que participam da operação e resultará em laudo pericial, mensurando o tamanho do dano, bem com o valor necessário para recomposição do ecossistema devastado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário