EXCELÊNCIA EM QUALIDADE

EXCELÊNCIA EM QUALIDADE

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

TRABALHADORES RURAIS DENUNCIAM AMEAÇAS


CPT de Marabá afirma que impasse entre colonos e fazendeiro poderá resultar em confronto.

A coordenação da Comissão Pastoral da Terra de Marabá enviou esta semana um relatório a vários setores da Segurança Pública do Estado do Pará denunciando graves ameaças contra 280 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais que desde o ano de 2010 se encontram acampadas em uma área rural no município de Curionópolis, conhecida como acampamento Frei Henri, a margem da rodovia PA-275, a 16 km da cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará. A área, conhecida como Fazendinha, medindo mais de 400 hectares, é de propriedade da União e está sendo alvo do  interesse de um fazendeiro conhecido como Dão Baiano, que já tentou regularizar a área em nome de uma de suas filhas, sendo que o pedido  foi negado pela coordenação  do programa Terra Legal, porque a mesma  já é cliente de  um Projeto de Assentamento do Incra.

De acordo com a CPT, diante da impossibilidade  da área ser regularizada em seu nome, o fazendeiro não aceita que os trabalhadores rurais sem terra acampados possam continuar na parte  de terra que ocupam, cerca de 15 hectares, onde os mesmos  desenvolvem plantio de culturas de subsistência para garantir  renda e sustento familiar. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, no final do mês de setembro, as famílias acampadas, com o uso de um trator agrícola, iniciaram o preparo da terra para o plantio, chegando a destocar e arar em torno de 10 hectares, ocasião em que o fazendeiro  interviu no sentido de não permitir a permanência das famílias na área.

Ainda de acordo com a coordenação da CPT, diante da reação das famílias o fazendeiro teria arregimentado dezenas de pistoleiros para destruírem o acampamento dos trabalhadores rurais e expulsá-los da área. “Para tanto, desde o dia 08 de outubro começaram a se concentrar na sede, que fica a uns 500 metros do acampamento, e montar trincheiras próximas para atacar as famílias”. Afirma o relatório da CPT frisando que ocorreram três noites de tiroteio intenso nos últimos dias. No dia 10 de outubro, as famílias interditaram por cerca de 6 horas a rodovia PA-275, em frente ao acampamento, para chamar a atenção das autoridades. Após a liberação da estrada, o juiz da Vara Agrária de Marabá coordenou uma reunião no fórum do município, para tentar estabelecer um acordo entre as partes.

Os representantes do fazendeiro defendem a imediata retirada das famílias do acampamento. Por outro lado, o MST e a CPT defendem a proposta de que as famílias permanecessem na área. A reunião terminou sem entendimento entre as partes envolvidas. No documento enviado as autoridades, a CPT denuncia que a policia já esteve várias vezes na área, porém não teria realizado nenhuma ação no sentido de desarmar os pistoleiros que atuam na região. “Enquanto os pistoleiros implantam o terror na área, a Escolta Armada do grupo Santa Barbara, protegida pela Policia do Estado, espancam trabalhadores e proíbem as famílias de prepararem a terra para fazerem os seus plantios”. Denuncia a CPT frisando que os fazendeiros estão usando aviões para jogar veneno nas plantações dos agricultores. É uma verdadeira guerra que se caracteriza por chacinas e massacres entre desiguais do campo e da cidade, na região da província mineral de Carajás”. Afirma a Coordenação da Comissão Pastoral da Terra ressaltando que o atual cenário aponta para mais um derramamento de sangue de trabalhadores, a prisão e criminalização de lideranças, e a defesa e proteção dos latifundiários e assassinos do sul e sudeste do Pará, orquestrada pelo aparato jurídico e policial do Estado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário