CPT de Marabá afirma que impasse entre colonos e fazendeiro poderá
resultar em confronto.
A coordenação da Comissão Pastoral da Terra de
Marabá enviou esta semana um relatório a vários setores da Segurança Pública do
Estado do Pará denunciando graves ameaças contra 280 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais
que desde o ano de 2010 se encontram acampadas em uma área rural no município
de Curionópolis, conhecida como acampamento Frei Henri, a margem da rodovia
PA-275, a 16 km da cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará. A área, conhecida como Fazendinha, medindo
mais de 400 hectares, é de propriedade da União e está sendo alvo do interesse de um fazendeiro conhecido como Dão
Baiano, que já tentou regularizar a área em nome de uma de suas filhas, sendo
que o pedido foi negado pela coordenação
do programa Terra Legal, porque a
mesma já é cliente de um Projeto de Assentamento do Incra.
De acordo
com a CPT, diante da
impossibilidade da área ser regularizada
em seu nome, o fazendeiro não aceita que os trabalhadores rurais sem terra
acampados possam continuar na parte de
terra que ocupam, cerca de 15 hectares, onde os mesmos desenvolvem plantio de culturas de subsistência
para garantir renda e sustento familiar.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, no final do mês de setembro, as famílias
acampadas, com o uso de um trator agrícola, iniciaram o preparo da terra para o
plantio, chegando a destocar e arar em torno de 10 hectares, ocasião em que o
fazendeiro interviu no sentido de não
permitir a permanência das famílias na área.
Ainda de acordo com a coordenação da CPT, diante da reação das famílias o
fazendeiro teria arregimentado dezenas de pistoleiros para destruírem o
acampamento dos trabalhadores rurais e expulsá-los da área. “Para tanto, desde
o dia 08 de outubro começaram a se concentrar na sede, que fica a uns 500
metros do acampamento, e montar trincheiras próximas para atacar as famílias”.
Afirma o relatório da CPT frisando que ocorreram três noites de tiroteio
intenso nos últimos dias. No dia 10 de outubro, as famílias interditaram por
cerca de 6 horas a rodovia PA-275, em frente ao acampamento, para chamar a
atenção das autoridades. Após a liberação da estrada, o juiz da Vara Agrária de
Marabá coordenou uma reunião no fórum do município, para tentar estabelecer um
acordo entre as partes.
Os
representantes do fazendeiro defendem a imediata retirada das famílias do
acampamento. Por outro lado, o MST e a CPT defendem a proposta de que as
famílias permanecessem na área. A reunião terminou sem entendimento entre as
partes envolvidas. No documento enviado as autoridades, a CPT denuncia que a
policia já esteve várias vezes na área, porém não teria realizado nenhuma ação
no sentido de desarmar os pistoleiros que atuam na região. “Enquanto os
pistoleiros implantam o terror na área, a Escolta Armada do grupo Santa
Barbara, protegida pela Policia do Estado, espancam trabalhadores e proíbem as
famílias de prepararem a terra para fazerem os seus plantios”. Denuncia a CPT
frisando que os fazendeiros estão usando aviões para jogar veneno nas
plantações dos agricultores. “É
uma verdadeira guerra que se caracteriza por chacinas e massacres entre
desiguais do campo e da cidade, na região da província mineral de Carajás”.
Afirma a Coordenação da Comissão Pastoral da Terra ressaltando que o atual
cenário aponta para mais um derramamento de sangue de trabalhadores, a prisão e
criminalização de lideranças, e a defesa e proteção dos latifundiários e
assassinos do sul e sudeste do Pará, orquestrada pelo aparato jurídico e
policial do Estado.
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