Psicanalista Maria Rita Kehl ouviu depoimentos de camponeses e de índios Suruí que tiveram direitos violados durante a guerrilha.
A Comissão Nacional da Verdade realizou entre 15 e 20 de outubro uma visita de 6 dias ao Araguaia, região onde se travou um dos mais sangrentos episódios da ditadura militar – os combates e as expedições militares que resultaram na destruição da guerrilha de mesmo nome, nos anos 70. Durante a visita, a psicanalista Maria Rita Kehl, membro da Comissão Nacional da Verdade e coordenadora do Grupo de Trabalho que apura a violação de direitos humanos contra camponeses e populações indígenas, e o assessor da CNV, Pedro Pontual, percorreram os municípios de Marabá, São Geraldo do Araguaia e São Domingos do Araguaia, a Terra Indígena Sororó, no Pará, e o município de Xambioá, em Tocantins.
Integrantes do Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais, também participaram da expedição. “Com a ajuda do assessor Pedro Pontual, que já esteve na região com a SEDH, e dos familiares, tive a oportunidade de conhecer não apenas os abusos sofridos pelos indígenas e camponeses no período da repressão à guerrilha, mas também as condições em que vivem hoje, em função das perdas materiais que lhes foram impostas pela aliança entre militares e latifundiários”, disse Maria Rita Kehl. A psicanalista se reuniu com lideranças comunitárias e de trabalhadores e ouviu 13 camponeses vítimas de violações de direitos humanos.
Durante as campanhas de combate e destruição da guerrilha pelas Forças Armadas, camponeses “suspeitos” de apoiar o movimento do PCdoB, que se instalou na região, também foram presos e torturados. Em 2009, a Comissão de Anistia determinou indenizações a 44 camponeses paraenses (ou seus parentes) por terem sido torturados, mortos ou perdido as propriedades durante a ação dos militares contra a guerrilha. A CNV também esteve na Terra Indígena Sororó, da etnia Suruí. A Comissão Nacional acompanhou também os trabalhos da mais recente missão do Grupo de Trabalho Araguaia, criado em 2009 para dar cumprimento à decisão da Justiça Federal de Brasília que determina a localização e identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.
O GTA é composto por servidores dos ministérios da Defesa, Justiça e Direitos Humanos e possui especialistas em antropologia forense, geologia, antropologia, cartografia e logística, além de observadores do PCdoB, do governo do Pará e de familiares de mortos e desaparecidos.
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