Ação evitou a destruição de
mais de 4,5 mil hectares de florestas primárias.
O Ibama
divulgou relatório ontem informando que controlou 32 incêndios florestais,
entre primeiro de julho e 26 de setembro, no interior da Área de Proteção
Ambiental (Apa) Triunfo do Xingu, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. A
unidade de conservação de uso sustentável é a prioridade do Centro Nacional de
Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) no município, que
registrou 2.422 focos de calor no mês passado, auge da estiagem. Nas
localidades de Soldadinho e Falcão, a 60 km de São Félix e já na área
protegida, 14 brigadistas do Prevfogo detiveram o avanço do fogo em um dos mais
importantes mosaicos de fragmentos florestais da região.
Com a
ação foi evitada a destruição de mais de 4,5 mil hectares de florestas
primárias. "A rápida mobilização da brigada e a ajuda de moradores locais
foi fundamental para impedir maiores danos", comemorou o coordenador do
Prevfogo no Sudeste do Pará, Diego Guimarães, após 11 dias de combate na área
de difícil acesso, entre 15 e 26 de setembro. O mosaico abriga espécies raras
da fauna, endêmicas (que só existem no lugar) e ameaçadas de extinção, como
macaco-aranha-de-cara branca, arara-azul-grande e onça-pintada. “Vimos bandos
de macacos-de-cara-branca fugindo das chamas, o que comprova o valor ecológico
deste fragmento que poderia ter desaparecido no incêndio", conta Diego.
O
Prevfogo atua no município com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente de São
Félix. O
objetivo é evitar que as florestas mais preservadas da Apa sejam atingidas
pelas queimadas. Em tempo seco, as chamas facilmente se espalham nos pastos,
que dominam a paisagem do entorno da unidade, e atingem as matas. Com mais de
dois milhões de cabeça de gado, São Félix possui hoje o maior rebanho bovino do
país. A ausência de medidas de prevenção, segundo o Prevfogo, aumenta o risco
de perda de florestas por fogo. "Os aceiros entre as propriedades, ou
entre pastagens e florestas, poderiam diminuir muito os danos ao meio ambiente.
Mas eles nunca são construídos nas propriedades", afirma Diego.
Para o
analista ambiental, a falta de cuidado muitas vezes é proposital. “Há casos de
fazendeiros que potencializam os danos, ao queimar o entorno dos fragmentos de
mata, alegando que fazem contra-fogo. O contra-fogo em áreas de floresta não é
recomendado, pois tem uma ação mais danosa, sobretudo à fauna, do que o
incêndio em curso", explica ele. Segundo o coordenador, na verdade, o que
se pretende é aumentar as áreas de pasto, avançando irregularmente sobre a
floresta de modo sutil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário