Rodrigo Maia e outras 6 pessoas foram presas acusadas de provocar
tumulto em Serra Pelada.
A juíza
Eline Salgado, da Comarca de Parauapebas, concedeu a liberdade provisória do advogado
Rodrigo Maia Ribeiro e mais 6 trabalhadores que se encontravam presos desde o
dia 28 de agosto, por conta de conflitos ocorridos na vila de Serra Pelada, no
município de Curionópolis, no sudeste paraense. À época, os manisfestantes
estavam interditando a estrada que dá acesso à vila, exigindo a negociação de
uma pauta de reivindicações dos moradores.
De acordo com os organizadores do
protesto, mesmo depois que a estrada foi desobstruída, a Polícia Militar
agrediu os manifestantes com tiros de balas de borracha, bombas de gás e
espancou alguns moradores. Como forma de protesto contra a violência da
polícia, os moradores destruíram o escritório de uma empresa que presta serviço
para a mineradora Vale em Serra Pelada.
Depois do
tumulto, a Polícia Militar efetuou a prisão do advogado Rodrigo Maia, que assessorava juridicamente as
famílias, e mais 6 trabalhadores da Vila, sendo que o flagrante foi mantido
pela Juíza Eline Salgado. Contra a decisão da magistrada, o advogado Arnaldo
Júnior, ingressou com HC junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O
pedido de liminar, no entanto, foi indeferido. A OAB Pará, ingressou então com
pedido de reconsideração e o Tribunal determinou que o advogado fosse colocado
em Sala de Estado Maior ou em prisão domiciliar.
Na
sexta-feira, 12, a magistrada entendeu que não havia mais razões para manter a
prisão do advogado e dos trabalhadores e concedeu a liberdade provisória para
todos os acusados. Recentemente, advogados da Comissão Pastoral da Terra, CPT, da
Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos, SDDH e do Centro de Defesa dos
Direitos Humanos de Açailândia, DVH, divulgaram nota pública em desagravo ao
advogado Rodrigo Maia. “Destaca-se que sua prisão ocorrera dentro de sua
residência. Além das oito prisões feitas existem mandados para mais oito
pessoas”. Afirma a nota dos advogados frisando que as regiões sul e sudeste do
Pará são marcadas ao longo da história como arena de graves violações de
direitos fundamentais, oriundas da imposição violenta e desigual do “modelo de
desenvolvimento” centrado no agronegócio, na grilagem e nos Grandes Projetos,
cuja instalação desconsiderou e desconsidera a história e os direitos das
comunidades. Denunciam as entidades.
Em
contato com a reportagem de O Liberal, o advogado José Batista Afonso,
coordenador da CPT de Marabá, disse que o advogado Rodrigo Maia é um das
pessoas que trabalham pela implementação dos direitos assegurados nos
instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. “Atualmente, um
processo mais refinado de impedimento da atuação de defensores, lideranças e de
comunidades vem sendo implementado com frequência, por quem impõe o poder
político e econômico na região. Trata-se da criminalização de defensores de
direitos humanos e lideranças, através da imputação indevida de crimes e ações
delituosas através de procedimentos judiciais”. Desabafou José Batista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário