O julgamento dos acusados de envolvimento na morte do sindicalista José Pinheiro Lima, da mulher dele, Cleonice Campos Lima, e do filho do casal, Samuel Campos Lima, a época com 15 anos, ocorrerá em Marabá. Assim decidiram os desembargadores integrantes das Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Pará, ao julgarem, na sessão desta segunda-feira, 18, o pedido de desaforamento do processo, requerido pelo Ministério Público do Estado. O crime ocorreu em 09 de julho 2001, no bairro Morada Nova, em Marabá, na residência do casal. São acusados no processo os fazendeiros João Davi de Melo e Evandro Marcolino Caixeta, o gerente de fazenda Domingos Correia Bibiano, que era funcionário de Davi, e Ademir Ferreira Ramos. A relatora do pedido de desaforamento foi a desembargadora Maria Edwiges Lobato. Mais de 50 feitos foram julgados na sessão das Câmaras desta segunda-feira, sob a presidência do desembargador Ricardo Nunes, vice-presidente do TJPA.
Conforme os
argumentos apresentados pelo Ministério Público, a realização do julgamento em
Marabá poderia pôr e risco a necessária imparcialidade dos jurados, uma vez que
os acusados teriam poder político e econômico na cidade. Alegaram também que o
crime gerou elevada comoção. Os magistrados negaram o pedido de transferência
do júri de Marabá para a Comarca de Belém levando em conta a manifestação do
Juízo da 3ª Vara Criminal de Marabá, que tem como titular o juiz Murilo Lemos
Simão, que ressaltou não haver circunstâncias que impeçam a realização do
julgamento na Comarca de origem.
De acordo
com os autos do processo, a motivação do crime seria vingança, considerando que
o sindicalista coordenava um grupo de famílias sem terra que ocupava a fazenda
São Raimundo, de propriedade de João Davi de Melo. Em 2000, o imóvel foi
desapropriado para atender um projeto de assentamento, o qual leva o nome do
sindicalista assassinado. José Pinheiro já teria recebido diversas ameaças de
morte.
Na denúncia
oferecida à Justiça, o Ministério Público relatou que, por volta das 19h do dia
9 de julho de 2001, o acusado Ademir Ramos, juntamente com outro pistoleiro,
invadiram a casa da vítima e assassinaram Cleonice na sala, quando esta
assistia televisão. Seguiram até o quarto da casa e encontraram José Pinheiro
convalescendo de malária, acertando-lhe três tiros. Quando já deixavam a casa
pela porta da frente, depararam-se com Samuel, alvejando-o no peito. Samuel
estava jogando bola com outros adolescentes próximo de casa e, quando ouviu os
disparos, correu para verificar o que estava acontecendo. O casal morreu no
local. Samuel ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
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