O corpo da professora foi velado no sábado (14) no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador, e foi transportado para o Pará na tarde de domingo (15). O irmão da vítima preferiu não comentar sobre a relação da professora com o major.
O major, que
era subcomandante do 3º Grupamento de Bombeiros Militares, que fica no Iguatemi,
em Salvador, está preso no Centro de Custódia da Polícia Militar, que fica no
Batalhão de Choque da corporação, em Lauro de Freitas, região metropolitana de
Salvador.
Segundo a
polícia, o major e a professora estavam casados há 21 anos e têm uma filha de
14 anos. De acordo com familiares, Sandra e Valdiógenes se conheceram há mais
de 20 anos em Belém, quando o militar foi fazer um curso na capital paraense. A
vítima se mudou para Salvador por conta da relação amorosa.
Luto na escola
Nesta
segunda-feira (16), as aulas permaneciam suspensas na Escola Municipal
Esperança de Viver, onde trabalhava a professora Sandra Denise Costa Alfonso,
morta pelo marido dentro da unidade de ensino na sexta-feira (13). De acordo
com a Secretaria de Educação do Município, ainda não há previsão de quando as
atividades serão retomadas no local. Na unidade, estudam 175 alunos, da
Educação Infantil e Ensino Fundamental I.
Sandra
Denise ingressou na rede municipal em 2007. Ela atuava na escola como
vice-diretora no turno matutino e ensinava alunos com necessidades especiais e
dificuldade de aprendizagem à tarde. De acordo com a secretaria, a direção da
escola prepara um plano específico para abordar a perda da professora com os
alunos e a violência de gênero.
Crime
O major Valdiógenes Almeida Cruz Júnior disse
em depoimento à polícia que cometeu o
crime ao descobrir uma suposta traição, depois de visualizar mensagens por meio
do Whats App. A informação foi dada ao G1 pelo advogado do major, Sérgio Reis,
no domingo (15). Segundo o advogado, a Justiça já determinou a prisão
preventiva do major, que está detido após se entregar no mesmo dia do crime. A
defesa pretende pedir a liberdade provisória dele.
Valdiógenes
Almeida Cruz já havia alegado em depoimento prestado ao Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na noite de sexta-feira (13), que havia
matado a esposa por ciúmes após saber da suposta traição. De acordo com o
advogado do major, para visualizar as mensagens trocadas entre a mulher e o
suposto amante, o suspeito usou uma ferramenta que reproduzia o que era enviado
para ela. "Hoje existe um programa que você pega um "espelho",
que visualiza as pessoas que você tem contato. Ele viu várias mensagens e a
troca de amabilidade entre eles. Ele não conhece a pessoa [suposto amante]
pessoalmente", diz.
Após
desconfiar da suposta traição, o major foi até a Escola Municipal Esperança de
Viver, no bairro Castelo Branco, em Salvador, onde a professora atuava como
vice-diretora. "Ele descobriu o
relacionamento extraconjugal dela por meio do Whats App e foi pedir explicações
a ela para ver do que se tratava. Ela teria confirmado o que estava acontecendo
e ele perdeu o controle. Ele desconhece quantos disparos fez contra a
vítima", afirmou Reis. A conversa entre os dois aconteceu em uma sala
fechada e não foi presenciada por nenhum aluno, segundo o advogado.
O major
afirma que está arrependido do crime, de acordo com o defensor. "Ele está
completamente arrasado, porque ela era uma pessoa por quem era apaixonado e com
quem vivia há 21 anos. Viviam bem e não andavam brigando", diz.
Prisão
Segundo a polícia, o major se apresentou no
DHPP acompanhado de prepostos da corregedoria dos Bombeiros e advogados.
Ele entregou
a arma que usou para matar a mulher, uma pistola ponto 40, de uso pessoal, com
oito cartuchos intactos.
De acordo
com a Polícia Civil, o corpo da mulher tinha sinais de ferimento nas pernas,
clavícula e região da cabeça. A quantidade de tiros que atingiram a vítima só
poderá ser confirmada após perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT),
para onde a pistola foi encaminhada. O delegado Marcelo Sansão, que investiga o
caso, colheu depoimentos de testemunhas que estavam no local do crime. Todas
confirmaram a versão do major, de que ele atirou na mulher quando os dois
estavam sozinhos em uma sala da Escola Municipal Esperança de Viver.
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