As suspeitas são que a construção estava sendo financiada por colombianos ligados a um grande esquema de tráfico de cocaína
A Polícia
Civil do Pará apreendeu na manhã de ontem, no município de Vigia, no nordeste
paraense, um submarino artesanal, construído para atuar no tráfico de drogas. Os
submarinhos foram utilizados inicialmente na Primeira Guerra Mundial Hoje, eles
são muito utilizados para pesquisas científicas, mas no Pará a embarcação estava em construção
para ajudar no tráfico de drogas internacional. A apreensão aconteceu no rio
Guajará-Mirim, na região das lhas de Vigia, nordeste do Pará.
A equipe de
policiais civis enviada ao local na quinta-feira (17) iniciou o processo de
retirada do submarino, que será conduzido, até sábado (19), para a base do
Grupamento Fluvial do Estado, em Belém. As suspeitas são que a construção
estava sendo financiada por colombianos ligados a um grande esquema de tráfico
de cocaína. A Polícia Civil vai investigar o crime.
Com cerca de
17 metros de cumprimento, três metros de diâmetro e cerca de quatro metros de
altura, o submarino teria capacidade para transportar uma carga de até 30
toneladas e transportar, pelo menos, 30 pessoas. Pela avaliação da equipe de
peritos criminais do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, enviada ao
local, somente o motor de 100 cilindros, com alta potência, tem peso estimado
em 200 quilos.
Segundo o
delegado João Bosco Rodrigues Junior, diretor de Polícia Especializada, o
submarino já estava praticamente pronto, restando apenas a instalação de alguns
equipamentos eletrônicos. A estrutura do veículo náutica continha desde sonar e
sistema de refrigeração interno.
A descoberta
aconteceu após denúncias anônimas recebidas pela Delegacia Geral, na última
segunda-feira, e reforçadas pelo serviço telefônico Disque-Denúncia, fone 181,
de que uma embarcação estava sendo construída em um braço de rio dentro de uma
ilha no litoral de Vigia. O submarino seria usado no escoamento de grandes
quantidades de drogas para fora do país, possivelmente, com destino aos Estados
Unidos e ao continente europeu.
Diante da
informação, na terça-feira, policiais civis da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes (DRE), da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) e da
Delegacia de Polícia Fluvial (DPFlu) foram deslocados à região para apurar as
denúncias, sob coordenação dos delegados Hennison Jacob, da DRE, e Arthur
Braga, da DPFlu.
A
localização do local ocorreu durante a noite, após horas de busca na região. O
acesso ao estaleiro construído na área para montagem do submarino havia sido
transformado em uma base de operações da organização criminosa, que seria formada,
por um grupo de, pelo menos, 15 pessoas. Na entrada do furo uma placa foi
instalada com a seguinte mensagem: "Não entre sem permissão. Área
particular", como forma de afastar ribeirinhos que moram ou trafegam pela
região.
Base - Segundo os policiais civis, as
investigações mostraram que o grupo havia se instalado no local desde o mês de
setembro deste ano. Eles haviam instalado uma vigilância ostensiva na entrada
do furo para não permitir a entrada de pessoas. Ao longo do furo, os policiais
civis encontraram diversos tanques de combustível usados pelo grupo criminoso.
Os integrantes do esquema usavam, inclusive, falsas armas de fogo, como fuzis,
feitas à base de madeira para simular armas de verdade.
Um dos
indícios encontrados no local e que reforçaram as suspeitas de envolvimento de
colombianos no esquema foi inscrições em espanhol nas caixas de produtos
eletrônicos encontradas no local, com palavras como "La Columbia" e
"Guerrilha 762". Na vila de
pescadores, o grupo de criminosos chegou a construir três casas de madeira,
perto da entrada do furo no rio, usadas como bases de observação para
monitoramento da região. "Eles chegaram até a impedir que ribeirinhos
fizessem a pesca na área, o que incomodou a comunidade", explica o
delegado João Bosco. Mas o que as pessoas não imaginavam era que o local estava
sendo usado como fábrica para construção de um submarino.
No interior
da ilha, os policiais civis localizaram duas barracas de madeira construídas no
local. Uma delas era usada como estaleiro para construção das peças à base de
fibra usadas na montagem do veículo náutico. A outra barraca era usada como um
alojamento, onde as pessoas que ali se instalaram usavam para dormir e fazer as
refeições diárias. Dentro do alojamento, havia diversos beliches construídos
com madeira, além de mesas, alimentos, roupas, calçados, entre outros
utensílios de higiene.
Com apoio de
uma lancha, os policiais civis iniciaram, no começo da tarde, a retirada do
submarino do rio do rio Guajará-Mirim. A embarcação estava a mais de 500 metros
de distância da baía e exigiu muito esforço dos policiais. Primeiramente, após
acionar o motor do veículo náutico, a equipe de policiais civis iniciou o
procedimento de rebocamento. Até o fim da tarde, o submarino havia sido deixado
a menos de 100 metros da baía. Segundo o delegado Hennison Jacob, os policiais
irão esperar até por volta de 23h, quando a maré enche o furo dentro da ilha,
para dar continuidade ao resgate.
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